O ano de 1968 foi um ano emblemático em todo o mundo, e, desde sempre, ficou ligado ao clima de contestação do momento (fosse ela política, social, musical, sexual, ou qualquer outra coisa que pudesse ser contestada, principalmente pelos jovens), uma vez que essa geração era extremamente combativa e afeita a uma boa briga, fosse ela qual fosse...
Com relação ao clima político - e repressivo - do Brasil, este foi (cada vez mais, e numa escala de intensidade sempre crescente, desde o ano anterior), um ano de guinada rumo à barbárie, à falta de diálogo e à violência e tortura como formas de manter o atual "status quo" criado pelos militares. Não é à toa que, não sem uma certa razão, muitos historiadores consideram ser este momento em que houve a mudança de poder entre o marechal Castelo Branco e o marechal Costa e Silva, ocorrida no início de 1967, o ponto chave, o real momento em que a Ditadura Militar (de verdade, mesmo, escarrada e escancarada na cara do Brasil todo), teve início de fato...
E 1968 começou mesmo pegando fogo. Já no final de março, no dia 28, ocorreu a invasão do exército ao restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro - onde estudantes mais pobres almoçavam e jantavam, a preços mais módicos - e, à esta se seguiu um tiroteio. Nele morreu o estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto, logo transformado em um mártir do movimento estudantil. Seu corpo foi carregado do local pelos estudantes, que não o deixaram que fosse levado por ninguém (nem mesmo pelo IML carioca, já que temiam que o corpo sumisse por obra dos militares). Ele foi velado - protegido e guardado - por vários e vários estudantes, todos acampados dentro do prédio da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ). Durante a noite do velório - e no dia seguinte, durante o enterro - muitas manifestações pipocaram por todo o Brasil (devido, em muito, à maciça cobertura que a imprensa fez sobre o ocorrido).
Sendo assim, o ano de 1968 foi o ano do confronto, tanto entre os que queriam outra forma de poder, como uma Democracia, quanto para a esquerda armada, que queria um governo socialista (democrático ou nem tanto). Foi quando ocorreu o evento máximo deste ano - que completou 50 anos na ´terça-feira desta última semana agora - e que aglutinou todos estes descontentes em torno de uma manifestação bem no meio do fatídico ano de 1968...
E 1968 começou mesmo pegando fogo. Já no final de março, no dia 28, ocorreu a invasão do exército ao restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro - onde estudantes mais pobres almoçavam e jantavam, a preços mais módicos - e, à esta se seguiu um tiroteio. Nele morreu o estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto, logo transformado em um mártir do movimento estudantil. Seu corpo foi carregado do local pelos estudantes, que não o deixaram que fosse levado por ninguém (nem mesmo pelo IML carioca, já que temiam que o corpo sumisse por obra dos militares). Ele foi velado - protegido e guardado - por vários e vários estudantes, todos acampados dentro do prédio da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ). Durante a noite do velório - e no dia seguinte, durante o enterro - muitas manifestações pipocaram por todo o Brasil (devido, em muito, à maciça cobertura que a imprensa fez sobre o ocorrido).
Este e outros eventos foram conduzindo a população para manifestações cada vez maiores e mais efusivas. Em 21 de junho de 1968, ocorreu a chamada "Sexta-feira Sangrenta", onde aconteceu uma manifestação-relâmpago em repúdio à prisões e espancamentos - seguidos de uma sessão de humilhações públicas (tortura psicológica) - impingidos aos estudantes presos na noite anterior (20/06/1968), no Teatro Arena, no Rio de Janeiro, onde acontecia uma grande reunião, visando a organização de uma das maiores manifestações do Rio de Janeiro até então. O saldo desse dia 21/06/1968 foi de 3 mortes (na versão oficial), e de até 28 (para alguns grupos envolvidos).
Passeata dos Cem Mil - 26 de junho de 1968, no Rio de Janeiro
Nesta manifestação (ocorrida na quarta-feira exatamente posterior à "Sexta-feira Sangrenta" uma grande passeata, que parou (como nunca, antes), as ruas do centro do Rio de Janeiro - mostrou-se o tamanho do poder de mobilização dos estudantes (os reais organizadores do evento). E ao evento compareceram mais de 100.000 pessoas - e, dentre elas, estavam representadas várias categorias, tais como: os estudantes (obviamente), muitos religiosos, operários e sindicalistas, jornalistas, professores, intelectuais, artistas (dentre eles, cantores, compositores e atores de teatro, cinema e TV, dentre outros menos conhecidos), e, até mesmo, mulheres de movimentos feministas - mostrando qual era o grau de insatisfação da sociedade brasileira (mesmo que num "micro-cosmos", representado pela cidade do Rio de Janeiro). Foi este o evento-chave das manifestações do período, tendo ele ficado conhecido como a "Passeata dos Cem Mil"...
Esta foi a manifestação que mais marcou o ano de 1968. E, contraditoriamente, foi onde menos problemas ocorreram. Foi também um marco que, com toda a razão, ecoou por sobre todas as manifestações populares ocorridas - dali para adiante - em todo o Brasil (desde as manifestações do final da Ditadura Militar - como as "Diretas Já" - até mesmo as últimas manifestações, que aconteceram já agora, durante este princípio do século XXI).
E não devemos - nem podemos - esquecê-las, afinal elas são, antes de mais nada, a "voz do povo" (principalmente em suas reivindicações mais primordiais). E governo algum deve se esquecer de dar a devida atenção à esta voz...