No dia 12 de outubro próximo serão comemorados os 300 anos da devoção católica à aparição de Nossa Senhora Aparecida. Neste artigo irei apreciar a história, as lendas e os milagres por trás dessa devoção, analisando tudo pelo prisma da História, usando-se para tal o processo da "longa duração", sendo tal conceito difundido pela Escola de Annales...
A História diz que, em algum dia da segunda quinzena de outubro de 1717, a imagem foi encontrada; daí ter-se instituído uma data próxima a isso - o dia 12 de outubro - como sendo o dia da aparição da imagem (já que, na realidade, não se sabe o dia exato); bom, nesse dia, três pescadores da Guaratinguetá do início do século XVIII (Domingos Garcia, João Alves e Filipe Pedroso), foram pescar, pois queriam, como outros pescadores da região, tentar pegar alguns peixes no rio Paraíba do Sul, no intuito de bem receber o fidalgo Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, o Conde de Assumar (então governador da capitania de São Paulo e das Minas de Ouro), que iria passar pela região. Como não era um período muito propício à pesca, diz a lenda que os três pescadores, após muitas tentativas frustadas, rezaram para a Virgem Maria e, após isso, ao jogarem suas redes, pescaram uma imagem de Nossa Senhora, porém sem a cabeça; numa próxima tentativa, pescaram a cabeça que faltava à pequena imagem; e, por fim, na terceira vez que jogaram as redes, pescaram tantos peixes que o barco deles quase não deu conta de transportá-los para a cidade (sendo este considerado o primeiro milagre da santa). [A foto abaixo mostra a representação dos três pescadores em estátuas, para um museu de cera que será criado em Aparecida do Norte.]
Esta é, portanto, a narrativa - tão conhecida pelos católicos - da aparição da imagem (como são chamadas as imagens de santos no catolicismo), sendo que esse fato (o da imagem ter "aparecido" nas redes dos três pescadores), acabou mesmo nomeando a própria Nossa Senhora retirada das águas do rio Paraíba do Sul (uma vez que a imagem em si era de Nossa Senhora da Conceição, um dos nomes já bem difundidos pela qual Nossa Senhora já era chamada). Doravante, a imagem que ficará tão conhecida - e que será tão venerada, pelos próximos 300 anos - será chamada de Nossa Senhora Aparecida...
Nos vinte anos posteriores à aparição, a devoção tem início; primeiro na casa de um dos pescadores - Filipe Pedroso - e depois num oratório construído na casa do mesmo. Mais tarde, é construída uma igreja, à margem do rio, e bem próxima ao local onde a imagem foi encontrada (ainda em Guaratinguetá). Devido em muito aos vários milagres atribuídos à santa, a devoção à ela vai aumentando cada vez mais, e até mesmo esta primeira igreja se torna pequena para a quantidade de fiéis que afluía à Nossa Senhora Aparecida para pedir suas benesses. Durante o século XVIII toda sua fama - e a devoção à ela - só fez aumentar, chegando, já no século seguinte (o século XIX), até a monarquia portuguesa (que aqui chegou, com toda a Corte, em 1808). O próprio Dom Pedro, então o Príncipe Regente do Brasil, foi rezar aos pés da imagem, em 20 de abril de 1822 (portanto, alguns meses antes de proclamar a Independência do Brasil, em 7 de setembro do mesmo ano).
Talvez por coisas desse tipo, a devoção da imagem se espalhava por todo o Brasil, deixando, assim, de ser algo regional, e mais ligado à região de São Paulo, tornando-se uma devoção nacional. Necessitava-se de uma igreja maior ainda (dessa vez, uma pequena basílica, sendo esta conhecida, atualmente, como "Basílica Velha"), construída (e sendo inaugurada em 1834), dessa vez, bem próximo da atual basílica, criando-se, dessa forma, o próprio nicho que deu origem à cidade de Aparecida do Norte...
A imagem, que é de argila e tem 40 centímetros de altura, foi criada, possivelmente, no século XVII, sendo atribuída a frei Agostinho de Jesus, que era um "santeiro" conhecido da então São Paulo de Piratininga (e que vivia num mosteiro de Santana de Parnaíba). O fato da imagem ter sido encontrada no fundo do rio Paraíba do Sul - num local onde o rio faz curvas que formam a letra "M", de Maria - se deve a uma atitude dos católicos do século XVII, para quem, quando uma imagem sacra se quebrava, deveriam enterra-la nas areias da margem de algum rio (uma forma comum de se desfazer da imagem de uma forma mais digna, digamos...), coisa muito comum entre os religiosos.
E, com relação a ligação da imagem com a monarquia brasileira, há outro episódio digno de nota. É o fato da princesa Isabel ter feito uma promessa à Nossa Senhora Aparecida, e, com isso, ter rendido à imagem a sua configuração atual e mais conhecida, já que, quando a princesa fez seu pedido, disse que, caso conseguisse, daria uma coroa e um manto à imagem. Este pedido foi feito em 1868 e, como a milagrosa santa lhe concedeu a graça de vê-lo atendido, ela cumpriu sua parte, dando à santa uma coroa cravejada de pedras preciosas e o manto azul que lhe é tão característico, pagando, assim, sua promessa, tendo o desfecho ocorrido em 1888.
Durante o século XX muitas mudanças vão ocorrendo. Em 1904 a imagem é coroada com toda a pompa. Em 1908 a Basílica é consagrada como tal. E, em 1928, a própria região da Basílica é emancipada, separando-se de Guaratinguetá, tornando-se um novo município: Aparecida do Norte. Já em 1930, por decreto do papa Pio XI, Nossa Senhora Aparecida torna-se a "Padroeira do Brasil".
E, com uma devoção agora nacional (e, até mesmo, internacional), em 1955, se inicia a construção de uma nova Basílica, esta sim do tamanho da enorme devoção que a santa tem. Estamos falando da nova Basílica de Aparecida, que foi consagrada pelo papa João Paulo II, em 1980, em sua primeira visita ao Brasil.
Quanto aos principais milagres atribuídos à imagem, segue abaixo uma lista com os mais importantes e conhecidos:
- Milagre das velas: em 1733, quando alguns fiéis rezavam aos pés da imagem, as velas que se encontravam ao lado da mesma apagavam e, quando iam acendê-las novamente, as mesmas acendiam sozinhas;
- Milagre do cavaleiro e da marca da ferradura: um cavaleiro, que, dizia-se, era de Cuiabá, vendo a fé do povo para com a imagem, começou a zombar deles, e quis entrar na igreja com seu cavalo. Quando o cavalo pôs a primeira pata na escadaria da igreja, a pata do cavalo ficou presa na pedra do primeiro degrau - deixando uma marca de ferradura na pedra da escadaria - fazendo o cavalo parar e o cavaleiro cair. Diz a lenda que, extremamente arrependido, este último se tornou um fiel da santa;
- Milagre da menina cega de nascença: uma garotinha, que era cega de nascença, sempre ouvia sua família falar da santa e da beleza que era a sua igreja. Ela acabou decidindo que queria ir até lá, e, quando à levaram, chegando na escadaria da mesma, a menina disse "Que igreja linda!", começando a enxergar à partir daquele momento;
- Milagre das correntes do escravo que caíram: em 1850, quando alguns escravos passavam em frente à igreja, um deles pediu para entrar, querendo rezar um pouco para a santa. E, quando este entrou e se ajoelhou em frente de Nossa Senhora Aparecida, as correntes que o prendiam simplesmente caíram de suas mãos e pés.
A imagem de Nossa Senhora Aparecida já gerou muitas controvérsias. Em 1978 um evangélico à pegou e, derrubando-a, à quebrou em vários pedaços. Ela foi, posteriormente, restaurada por uma profissional do MASP (Museu de Arte de São Paulo). Já em 1995, um pastor evangélico, em seu programa de TV noturno, chutou uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, causando indignação por todo o país...
Após o episódio de 1978 a imagem - depois de totalmente restaurada - começou a ser exposta somente atrás de um nicho com um vidro blindado, onde se encontra nos dias de hoje.
As celebrações dos 300 anos da aparição de Nossa Senhora Aparecida serão, com toda a certeza, muito importantes, dado o fato dela ser considerada a "Padroeira do Brasil", e, principalmente, por ser tão querida dos católicos brasileiros. Você pode até não ser católico, mas não conseguirá passar incólume por esta celebração...
- Milagre das velas: em 1733, quando alguns fiéis rezavam aos pés da imagem, as velas que se encontravam ao lado da mesma apagavam e, quando iam acendê-las novamente, as mesmas acendiam sozinhas;
- Milagre do cavaleiro e da marca da ferradura: um cavaleiro, que, dizia-se, era de Cuiabá, vendo a fé do povo para com a imagem, começou a zombar deles, e quis entrar na igreja com seu cavalo. Quando o cavalo pôs a primeira pata na escadaria da igreja, a pata do cavalo ficou presa na pedra do primeiro degrau - deixando uma marca de ferradura na pedra da escadaria - fazendo o cavalo parar e o cavaleiro cair. Diz a lenda que, extremamente arrependido, este último se tornou um fiel da santa;
- Milagre da menina cega de nascença: uma garotinha, que era cega de nascença, sempre ouvia sua família falar da santa e da beleza que era a sua igreja. Ela acabou decidindo que queria ir até lá, e, quando à levaram, chegando na escadaria da mesma, a menina disse "Que igreja linda!", começando a enxergar à partir daquele momento;
- Milagre das correntes do escravo que caíram: em 1850, quando alguns escravos passavam em frente à igreja, um deles pediu para entrar, querendo rezar um pouco para a santa. E, quando este entrou e se ajoelhou em frente de Nossa Senhora Aparecida, as correntes que o prendiam simplesmente caíram de suas mãos e pés.
A imagem de Nossa Senhora Aparecida já gerou muitas controvérsias. Em 1978 um evangélico à pegou e, derrubando-a, à quebrou em vários pedaços. Ela foi, posteriormente, restaurada por uma profissional do MASP (Museu de Arte de São Paulo). Já em 1995, um pastor evangélico, em seu programa de TV noturno, chutou uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, causando indignação por todo o país...
Após o episódio de 1978 a imagem - depois de totalmente restaurada - começou a ser exposta somente atrás de um nicho com um vidro blindado, onde se encontra nos dias de hoje.
As celebrações dos 300 anos da aparição de Nossa Senhora Aparecida serão, com toda a certeza, muito importantes, dado o fato dela ser considerada a "Padroeira do Brasil", e, principalmente, por ser tão querida dos católicos brasileiros. Você pode até não ser católico, mas não conseguirá passar incólume por esta celebração...
Excelente Valmir! Obrigado por compartilhar.
ResponderExcluirQue bom que gostou!! Valeu, Gilmar Reis!!! Abraços...
ExcluirQue historia linda!!! Viva nossa senhora aparecida!!!
ResponderExcluirQue bom que gostou!! Realmente é uma linda história, que adorei contar a vocês todos... Valeu!!!
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