sábado, 25 de novembro de 2017

Barão de Mauá: nosso primeiro empreendedor e a pré-industrialização do Brasil


Seu nome era Irineu Evangelista de Sousa, mas passou para a História com o seu título nobiliárquico: Barão de Mauá (e, depois, Visconde de Mauá, este menos lembrado ou conhecido). Nasceu em Arroio Grande - RS, em 28 de dezembro de 1813. Sua família tinha uma pequena estância, próxima a fronteira com o Uruguai. Ele teve várias atribuições em sua vida, todas ligadas ao empreendedorismo, que foi, em última instância, o objetivo primeiro de sua vida e a sua verdadeira profissão. Foi armador, comerciante e banqueiro. Também foi um visionário e, como tal, quis apostar em uma outra atividade ainda no começo em todo o mundo, e muito pouco em voga na América do Sul da época: a indústria.


Tudo começou com a construção da primeira estrada de ferro da América do Sul, a Estrada de Ferro Mauá, terminada em 1854, no Rio de Janeiro. Foi devido à sua construção que recebeu do imperador Dom Pedro II o título de Barão de Mauá, no mesmo ano.

[Abaixo uma montagem com uma imagem de Irineu Evangelista de Sousa sobre uma foto de uma das locomotivas de sua Estrada de Ferro Mauá]




Foi o responsável pela criação do primeiro estaleiro do Brasil, no Rio de Janeiro (onde hoje fica a chamada Praça Mauá, na região portuária da cidade), bem como também da primeira fundição do Brasil, mais uma vez no Rio de Janeiro (em muito por ser o Rio a capital do Império do Brasil). Investiu também em uma frota de barcos à vapor, no Rio Grande do Sul e, de novo no Rio de Janeiro, criou uma usina de gás na capital do império, a Companhia de Iluminação a Gás do Rio de Janeiro.

[A seguir, uma imagem da companhia de gás do Barão de Mauá.]



No auge de seu império, na década de 1860, Mauá tinha 17 empresas em seis países (à saber: Brasil, Argentina, Uruguai, Estados Unidos da América, França e Inglaterra). Por volta de 1867, o valor total dos ativos de todas as suas empresas era maior que o orçamento do próprio Império do Brasil, na proporção de 115 mil contos de réis de Mauá, contra os 97 mil contos de réis do orçamento imperial (para se ter uma ideia melhor do montante é só trocar o termo "mil conto de réis" por "milhões de libras esterlinas"). Seu Banco Mauá foi bastante forte em toda a região platina da América do Sul.

[À seguir, na sequência: uma das fábricas do Barão de Mauá e sua fábrica de cerâmica, ambas no Rio de Janeiro.]




Porém, parece que os regentes da casa dos Bragança e Bourbon (que, afinal, também era a casa real do imperador Dom Pedro II, já que este era neto do rei de Portugal, Dom João VI, a época já morto), parecia não gostar muito da indústria. Afinal de contas, ainda no século XVIII, quando o Marquês de Pombal - Sebastião José de Carvalho e Melo - estando como regente no lugar de Dona Maria I (mais conhecida como "Dona Maria, a Louca"), quis implantar a indústria lusitana, teve bastante resistência da provinciana corte de Lisboa. Ele não conseguiu seu intento e a indústria portuguesa não decolou...

[Abaixo, um retrato do Marquês de Pombal.]


Podemos dizer que o mesmo conflito de interesses se deu entre a ambição industrial de Mauá e a extremamente agrícola e provinciana corte imperial do Rio de Janeiro. Como seus empreendimentos industriais faziam torcer os nobres narizes da corte carioca, alguns de seus membros - sendo estes, banqueiros - começaram a dificultar os investimentos de Mauá. Isso fez com que seus negócios começassem a caminhar, a passos largos, para um rápido declínio, fazendo com que seu império industrial - a mega-empresa Casa Mauá & Cia. - entrasse em falência, sendo esta decretada em 1878.

[À seguir, na sequência: uma das sedes de sua empresa, no Rio de Janeiro, e uma das agências de seu Banco Mauá, em Montevidéu, no Uruguai, em fotos tiradas depois da decretação de falência da Casa Mauá & Cia..]



O Barão de Mauá era um homem a frente de seu tempo, ousando pensar na contramão da maioria. Era um liberalista econômico que comungava com os ideais de Adam Smith e foi um abolicionista desde o início dessa luta (já que concordava com os ingleses, também achando que o novo sistema econômico que estava sendo colocado em prática - o capitalismo industrial - precisava de mão-de-obra assalariada (para que os operários fossem também consumidores), e não de escravos. O legado deixado por Mauá não ficou tão aparente assim (num primeiro momento), porém o tempo foi mostrando que ele ajudou muito o Brasil como a sua experiência de pré-industrialização. E, quando a industrialização veio com mais força, já no início do século XX, ela não era uma total desconhecida dos brasileiros. Mas isso já é outra história (quem sabe para um próximo artigo). Então, até lá...

6 comentários:

  1. VISCONDE DE MAUÁ VISIONÁRIO Á FRENTE DE SEU TEMPO.

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  2. Se algum dia perguntassem minha opinião sobre o mais extraordinário brasileiro de todos os tempos, o Sr. Irineu Evangelista ficaria em primeiro, segundo e terceiro lugares.

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    1. Que bom que o personagem apresentado no blog o agradou tanto. Obrigado e continue prestigiando-o, absrenato...

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  3. Caro Jorge Luiz Reis, que bom que concorda com o que foi exposto no blog. E, por favor, continue prestigiando-o. Obrigado!!!

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  4. Oi...Eu sou surda mudo. História meu saudade vontade monárquica Brasil

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    1. Olá Daiane Diniz!! Olhe, com essa nossa República tosca e corrupta, dá mesmo saudades da Monarquia!!! E muito obrigado por prestigiar o nosso blog... Bjsss...

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