sexta-feira, 19 de outubro de 2018

A Crise dos Mísseis em Cuba de 1962: quando a Terceira Guerra Mundial nunca esteve tão próxima


Durante a segunda metade de outubro de 1962 - ou seja, há 56 anos atrás - o governo de John F. Kennedy passou por sua maior "prova de fogo" (dentro do contexto da Guerra Fria, que vivia o seu pleno auge nesse momento). Tudo começou com uma "queda de braço" que vigorava há tempos entre as duas potências hegemônicas e antagônicas desse mundo do pós-guerra, onde os dois maiores ganhadores da Segunda Guerra Mundial (os Estados Unidos da América [E.U.A.], e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas [U.R.S.S.], que lutavam entre si para impor sua ideologia ao restante do mundo, sendo estas - respectivamente - o Capitalismo e o Socialismo). E, nessa batalha, a principal das armas era a espionagem. Foi quando o avião-espião norte-americano (o chamado U2), acabou por capturar imagens que os deixaram atônitos (e o mundo bipolarizado, que estes capitaneavam - em oposição aos soviéticos - idem): foram fotografadas algumas instalações que denotavam serem para utilização de lançadores de mísseis, sendo que isso foi descoberto em Cuba (ou seja, no antigo "quintal" dos norte-americanos, a ilha tornada comunista, após a Revolução Cubana, de Fidel Castro, em 1959), sendo que, assim, os cubanos se tornam os grandes parceiros do governo soviético de Nikita Khruschev na América

[Na foto acima, o encontro entre o presidente John F. Kennedy e premier Nikita Khruschev, durante as negociações entre E.U.A. e U.R.S.S. visando acabar com o impasse dos mísseis em Cuba. Já na foto abaixo, uma das imagens feitas pelo avião-espião U2, quando sobrevoava o espaço aéreo cubano, indicando os locais onde o lançadores de mísseis estavam sendo montados.] 


Com isso, o impasse diplomático foi extenuante e extremamente difícil de se conseguir uma resolução de forma pacífica. Não adiantaria tentar se resolver nada com o comandante de Cuba, Fidel Castro, uma vez que, após a tentativa frustrada de derrubada de seu governo - que ficou conhecida como Invasão da Baía dos Porcos - que foi autorizada (mesmo que, ao que dizem, à contragosto), pelo presidente John F. Kennedyno ano anterior de 1961, as relações diplomáticas entre os E.U.A. e Cuba eram nulas, principalmente devido aos embargos econômicos impostos aos cubanos pelo governo norte-americano.

[Na foto a seguir, prisioneiros cubanos apoiados pelos E.U.A. capturados pelo exército cubano, após a tentativa de Invasão da Baía dos Porcos, em 1961.]


Sendo assim, a resolução teria de ser - mesmo - levada a cabo pelos principais rivais da Guerra Fria (o que poderia levar à uma "guerra de fato", o que tinha a caracterização que o mundo todo sabia qual era: uma "Terceira Guerra Mundial", e dessa vez, transmutada numa "guerra atômica")...

Os passos seguintes foram como uma partida de xadrez entre as super-potências, com declarações e exigências de retirada dos mísseis e investidas - entenda-se como ataques nucleares - de ambas as partes, fossem eles aos seus respectivos territórios (ou seja, aos Estados Unidos da América [E.U.A.], ou à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas [U.R.S.S.]), ou à própria ilha de Cuba (já que era esta o verdadeiro "pomo da discórdia" nesse caso específico). Mesmo com alguns de seus conselheiros querendo ir "às vias de fato", Kennedy iniciou sua "partida de xadrez" exigindo a retirada dos mísseis (e efetuando um bloqueio militar - aéreo e naval - bem próximo à Cuba), visando evitar a chegada de mais mísseis à ilha de Fidel.


[Na foto anterior podemos ver um destróier e um avião das forças armadas, enviados pelos E.U.A. no que ficou conhecido como o Bloqueio Militar à Cuba, ocorrido nos momentos cruciais da Crise, em fins de outubro de 1962.]

Depois disso, o evento virou uma grande "queda de braço" entre as duas super potências, já que, para a retirada de seus mísseis de Cuba, a U.R.S.S. exige a retirada de mísseis norte-americanos, pedidos por membros europeus da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que estavam sendo posicionados na Turquia (mais ou menos à mesma época dos mísseis soviéticos instalados em Cuba). As negociações se estendem por 13 dias - do dia 16 de outubro ao dia 28 de outubro de 1962 - sendo este período o momento onde o mundo todo "prendeu a respiração" (devido ao grande receio de que uma guerra nuclear eclodisse a qualquer hora).

[Na próxima foto podemos ver mísseis norte-americanos das forças armadas, enviados pelos E.U.A. a pedido da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), também durante outubro de 1962, e que começaram a ser posicionados na Turquia.]



E, tendo ocorrido depois de muito impasse, muitas ameaças e concessões sem fim (feitas de ambas as partes do que foi um "quase conflito"), tudo acabou sendo resolvido de forma diplomática. E o mundo escapou de um impasse que quase o levou à uma nova guerra - que dessa vez seria, com toda a certeza, atômica - e que poderia ter se transformado na "Terceira Guerra Mundial".

Em 2000 foi lançado o filme "Treze Dias que Abalaram o Mundo", dirigido por Roger Donaldson e estrelado por Kevin Costner. Nele, todo o evento da Crise dos Mísseis em Cuba (crise essa ocorrida durante 13 dias - de 16 a 28 de outubro de 1962 - vindo daí o título desse longa metragem), é contado e dramatizado, sendo um ótimo filme para se entender os acontecimentos relatados aqui neste artigo, sendo que o ator principal faz o papel de Kenneth O'Donnellum dos consultores políticos - bem como secretário de nomeações e assistente especial - do presidente John F. Kennedy (e um dos envolvidos que mais defendiam uma ação que resolvesse tudo de forma diplomática, evitando-se ao máximo qualquer tipo de resolução militar para este impasse).


[Na foto abaixo podemos ver o cartaz do filme acima descrito.]


Podemos concluir que, com esse impasse, várias mudanças - de ambos os lados da Guerra Fria - ocorreram. Em primeiro lugar, do lado comunista, este foi o final da teoria conhecida como a "Coexistência Pacífica", teoria esta que era "pregada" pelo próprio premier soviético, Nikita Khruschev, e que dizia ser possível - e necessária - uma convivência de relativa paz com o lado do Capitalismo. Esta teoria era uma espécie de "meio termo" entre duas teorias opostas - e existentes desde os primórdios da Revolução Russa de 1917 - sendo elas: a teoria da "Revolução Permanente" (de Trotsky), que queria um constante movimento revolucionário mundial, visando levar muitos países à implantação do Comunismo, e a teoria do "Socialismo de um Só País" (de Stálin), que achava que somente a União Soviética deveria ser o bastião socialista no mundo, mantendo-se, assim, a bipolaridade da Guerra Fria. Com esse "meio termo" de Khruschev, somente os países que já haviam abraçado o Comunismo teriam algum tipo de ajuda soviética (caso - à época - de Cuba e da China).

[Na foto a seguir, vemos os grandes aliados do pós-crise: Fidel Castro (que manteve Cuba como um "satélite" soviético na América), e seu "chefe", o premier soviético, Nikita Khruschev.]



E, em segundo lugar, do lado capitalista, este foi o ponto inicial da grande oposição ao governo de John F. Kennedy, e que, caso concordemos com a tão conhecida - e divulgada - "Teoria da Conspiração" (que diz ser o Assassinato de John F. Kennedy uma conspiração interna para matá-lo, devido a desentendimentos - com militares norte-americanos, com a CIA e algumas outras vertentes da sociedade - sendo estes criados por atitudes presidenciais consideradas "pacíficas" demais por estas camadas do poder). Assim sendo, caso se concorde com esta teoria, é passível dizer que foi a forma como Kennedy lidou com este grande impasse da Guerra Fria, um dos primeiros motivos que acabaram por levar - em última instância - ao seu assassinato (que ocorreria praticamente após um ano da Crise dos Mísseis em Cuba, em novembro de 1963).

[Na foto abaixo, uma das imagens mais conhecidas do atentado em Dallas, e que mostra o momento exato do tiro fatal que assassinou o presidente John F. Kennedy, ocorrido em 22 de novembro de 1963.]


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Sobre este fato histórico - o Assassinato de John F. Kennedy - voltaremos a analisá-lo mais profundamente num próximo artigo (à ser publicado mais adiante). Até lá, então...

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