quarta-feira, 28 de agosto de 2019

As moedas que o Brasil já teve durante sua História




A resposta a essa pergunta é (de forma simples e direta): 9 (nove) moedas. É isso, mesmo que, às vezes - devido às peripécias de nossa economia - pareça que houveram bem mais que isso...

É intenção deste artigo mostrar - de forma cronológica - quais foram essas moedas e em que períodos de nossa história elas fizeram parte da vida dos brasileiros. Vamos a isso, então...


1.º)  REAL (ou "réis")

BRASIL COLÔNIA (Séculos XVI, XVII, XVIII e parte do XIX)

Durante o período conhecido por "Brasil Colônia" - durante o momento em que o Brasil era uma mera colônia portuguesa - a moeda corrente era o REAL (que era chamado, simplesmente, de "réis"). Seu símbolo era: o "Rs" (e seguido do $). Essa foi a regra por mais de 300 anos...



















[Acima: D. Manuel I, rei de Portugal quando do descobrimento do Brasil.]


BRASIL IMPÉRIO (Século XIX)

Já durante a estada da família real portuguesa no Brasil, após sua chegada - em 1808 - bem como durante a sua anexação ao "Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves", e até mesmo após a nossa Independência do Brasil, em 1822, ao menos quanto à moeda, nada mudou, uma vez que manteve-se o REAL (ou, os chamados "réis"), como a nossa moeda. Sendo assim, seu símbolo continuou sendo: o "Rs" (e seguido do $). E assim se seguiu, até bem depois da Proclamação da República, em 1889...













































E assim foi, durante muito tempo. Passou-se o "Primeiro Reinado" - com D. Pedro I - o "Período Regencial", o "Segundo Reinado" - com D. Pedro II - a Proclamação da República, toda a "República Velha" (entre 1889 e 1930), e mais os primeiros 12 anos da "Era Vargas" para que mudanças acontecessem. E elas acabaram por vir...



[Acima (antes das moedas): D. Pedro I, imperador do Brasil quando da Independência do BrasilD. Pedro II, imperador do Brasil em grande parte do Século XIX, e o primeiro presidente da República, o marechal Deodoro da Fonseca.]



BRASIL REPÚBLICA (parte do Século XIX, Século XX e Século XXI)

2.º)  CRUZEIRO

E eis que, durante a vigência da ditadura do "Estado Novo" no Brasil (1937 a 1945), nos Anos 1940 - mais precisamente em 1.º de novembro de 1942, durante a chamada "Era Vargas" - o ditador Getúlio Vargas aboli o REAL (os "réis"), adotando-se o CRUZEIRO como a nossa moeda (COM corte de "zeros", uma vez que 1000 réis passa a valer 1 cruzeiro). Sendo assim, seu símbolo tornou-se: o "Cr" (e seguido do $). E assim foi, iniciando-se, com essa mudança, um grande "baile" na troca das moedas (que duraria até a última década do Século XX), como veremos no decorrer deste artigo...




[AcimaGetúlio Vargas, ditador do "Estado Novo" (1937-1945), no Brasil.]


3.º)  CRUZEIRO NOVO

E eis que, durante os Anos 1960 - mais precisamente em 13 de fevereiro de 1967, durante o início da "Ditadura Militar" - o ditador militar da vez, o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco (primeiro dos presidentes militares), transforma o CRUZEIRO em CRUZEIRO NOVO, tornando-a a nossa nova moeda (de novo COM corte de "zeros", uma vez que 1000 cruzeiros passa a valer 1 cruzeiro novo). Sendo assim, seu símbolo tornou-se: o "NCr" (e seguido do $). E não pararia por aí, como veremos adiante...



























[Acima: o marechal Castelo Branco, primeiro "presidente" da "Ditadura Militar" (1964-1985), no Brasil.]


4.º)  CRUZEIRO

E, durante os Anos 1970 - mais especificamente em 15 de maio de 1970, ainda durante a "Ditadura Militar" - o ditador militar do momento, o general Emílio Garrastazu Médici, transforma o CRUZEIRO NOVO em CRUZEIRO, novamente, tornando-a - de novo - a nossa "nova" moeda (dessa vez SEM corte de "zeros", uma vez que 1 cruzeiro novo passa - simplesmente - a valer 1 cruzeiro). Sendo assim, seu símbolo voltou a ser: o "Cr" (e seguido do $). Mas havia mais mudanças que viriam num futuro não tão distante assim...



























[Acima: o general Médici, terceiro "presidente" da "Ditadura Militar" (1964-1985), no Brasil.]


5.º)  CRUZADO

Já durante os Anos 1980 mais mudanças ocorreram, agora sob o novo governo (que havia voltado às mãos dos civis), uma vez que o primeiro presidente civil pós-Ditadura Militar, José Sarney (no que ficou conhecido como a "Nova República"), visando sanar os enormes problemas econômicos - herança da própria "Ditadura Militar" - mais especificamente em 28 de fevereiro de 1986, transforma o CRUZEIRO em CRUZADO, tornando-a nossa nova moeda (dessa vez COM corte de "zeros", uma vez que 1000 cruzeiros passa a valer 1 cruzado), ficando essa ação econômica conhecida por "Plano Cruzado"Sendo assim, seu símbolo tornou-se: o "Cz" (e seguido do $). Mas só estavam começando os momentos onde mais e mais mudanças ocorreriam (e de formas cada vez mais rápidas)...



























[Acima: o presidente José Sarney, primeiro presidente civil no momento pós-"Ditadura Militar" (1985-1990), no Brasil.]


6.º)  CRUZADO NOVO

Ainda nos Anos 1980 mais uma mudança ocorreu, e ainda sob o governo de José Sarney (quando a "Nova República" foi-se mostrando tão velha quanto suas antecessoras), um novo plano foi divulgado - o chamado "Plano Cruzado II" - que, de novo, visava sanar nossos problemas econômicos, em 16 de janeiro de 1989, este novo plano transforma o CRUZADO em CRUZADO NOVO, tornando-a nossa nova moeda (e, novamente, COM o uso de corte de "zeros", uma vez que 1000 cruzados passa a valer 1 cruzado novo). Sendo assim, seu símbolo tornou-se: o "NCz" (e seguido do $). Mas só estávamos começando os momentos mais drásticos - e, porque não dizer - decisivos (para o mal e, depois, para uma pequena aura de bem), dessas várias mudanças em nossa economia...





[Acima: o presidente José Sarney, primeiro presidente civil no momento pós-"Ditadura Militar" (1985-1990), no Brasil.]


7.º)  CRUZEIRO

Ao adentrarmos os Anos 1990 mais mudanças ocorreram, agora sob o governo do primeiro presidente civil eleito de forma direta, sendo ele Fernando Collor, que, apenas um dia após sua posse - mais precisamente em 16 de março de 1990, lança o chamado "Plano Collor" - que, mais uma vez, visa sanar nossos problemas econômicos. Porém, além de uma troca de moeda, onde o CRUZADO NOVO torna-se, mais uma vez, o CRUZEIRO nossa "nova" (e bem velha) moeda - há um agravante. Explicando: mesmo sem mudanças drásticas para a moeda em si (já que a mudança foi SEM o uso de corte de "zeros", uma vez que 1 cruzado novo passa a valer, simplesmente, 1 cruzeiro), o plano econômico congela a economia e - o mal maior - bloqueia os valores dos brasileiros em poupanças e investimentos (levando muitos brasileiros à pobreza e à miséria, e muitas empresas à falência e ao fechamento). Sendo assim, seu símbolo tornou-se, mais uma vez: o "Cr" (e seguido do $). Mais momentos drásticos viriam, mas a nossa "novela" econômica estava quase chegando ao fim, como veremos adiante...




[Acima: o presidente Fernando Collor, primeiro presidente civil eleito pelo voto direto no pós-"Ditadura Militar" (1990-1992) - e que sofreu "impeachment" - do Brasil.]


8.º)  CRUZEIRO REAL

Ainda nos Anos 1990 outra mudança ocorreu, agora sob o governo do presidente que se empossou após o impeachment de Fernando Collor, seu vice-presidente (agora presidente), Itamar Franco. Em conluio com as teorias de seu, então, ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (conhecido pela sigla FHC), eles capitaneiam uma nova troca de moeda (em 1.º de agosto de 1993), CRUZEIRO torna-se o CRUZEIRO REAL nossa nova moeda. E, dessa vez, com mudanças expressivas (já que a mudança foi COM o uso de corte de "zeros", uma vez que 1000 cruzeiros passa a valer, simplesmente, 1 cruzeiro real). Sendo assim, seu símbolo torna-se: o "CR" (e seguido do $). Mas, ainda havia mais um último capítulo de nossa "novela" econômica, que - ao menos por enquanto (e esperamos que por muito e muito tempo) - mostrava que estava por chegar ao seu final...



























[Acima: o presidente Itamar Franco, vice-presidente que assumiu a presidência do Brasil (1992-1994), após seu antecessor - Fernando Collor -  sofrer "impeachment", em 1992.]


9.º)  REAL

Ainda no decorrer dos Anos 1990 outra a última das mudança, ainda sob o governo do presidente Itamar Franco. Ainda em conluio com as teorias de seu, ainda então, ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (conhecido pela sigla FHC) - e já o candidato governista para a presidência na eleições seguintes - eles fizeram uma última troca para uma "nova" moeda (em 1.º de julho de 1994). Porém, essa foi, no mínimo, mais elaborada, uma vez que instituíram um fator de transição, chamado de "Unidade Real de Valor" (URV), que funcionaria como uma espécie de "moeda" transitória, onde o CRUZEIRO REAL torna-se a URV (por um período pré estipulado), vindo depois a se tornar a nossa nova - e atual - moeda, o REAL. E, com mudanças expressivas (já que a mudança foi COM o uso de corte, porém não somente de "zeros", uma vez que 2750 cruzeiros reais - ou 1 URV - passa a valer, simplesmente, 1 real). Sendo assim, seu símbolo torna-se: o "R" (e seguido do $). Chegamos, assim, ao último capítulo da "novela" econômica que se abateu sobre a economia brasileira, cujas mudanças - no período pós-Ditadura Militar (conhecido como "Redemocratização"), tantas agruras trouxe ao nosso país. E, esperamos realmente que - ao menos por enquanto (e esperamos que por muito e muito tempo) - estas tenham vindo pra ficar.




























[Acima: o presidente Itamar Franco (1992-1994), que lançou o chamado "Plano Real", em 1994.]

.x-X-x.

Espero que tenham gostado dessa viagem pelas agruras econômicas que o Brasil já viveu. E, esperamos, mesmo, que elas parem por aqui (afinal isso, por si só, já nos demonstrará que nossa economia vai caminhando bem melhor). É o que queremos muito...

domingo, 18 de agosto de 2019

Os 50 anos do Festival de Rock de Woodstock



Estamos completando, entre os dias 15 e 18 deste mês de agosto, os 50 anos da realização do famoso e tão cultuado - pelos roqueiros de todas as idades - Festival de Woodstock, um concerto de rock que, como o próprio "slogan" dizia, seria uma confraternização com "3 DIAS de PAZ & MÚSICA". Ele aconteceu em agosto de 1969, momento do ápice - bem como do início do declínio - de toda a cultura hippie...


O Festival de Woodstock acabou sendo a celebração maior do que hoje chamamos de "rock clássico" - basicamente, com uma boa parte, e bom exemplo, do que de melhor se produziu no rock dos Anos 1960 - o que, por si só, já nos demonstra o quão maravilhoso deve ter sido estar naquela privilegiada platéia...


Uma das mais duradouras - e até mesmo poéticas - cenas do Festival de Woodstock, vem de sua platéia, de seu público, que - no auge do movimento hippie (e, consequentemente, de suas viagens lisérgicas, bem como de outras drogas), nos brindaram com boas "ilustrações explicativas" do que era o tão auto-conclamado "amor livre", pregado tão ardorosamente pelo movimento hippie, de como era o uso recreativo - e quase "obrigatório" - de drogas (em especial, o LSD e a maconha), vemos danças quase hipnóticas em meio às chuvas torrenciais, e muitas, e muitas brincadeiras coletivas, em meio ao barro que as mesmas tempestades formavam...




Tudo ocorreu pela menção intelectual, criativa e financeira dessa turma: Michael Lang, John P. Roberts, Joel Rosenman e Artie Komfeld. A ideia inicial deles era bem mais modesta, porém, bem ao espírito combativo da época, acabaram decidindo fazer um grande festival de música. Mesmo sem a aprovação das autoridades sobre o local escolhido - que, sendo uma fazenda de gado leiteiro, próxima à White Lake, na pequena cidade de Bethel, no estado de Nova York - não teria, obviamente, a infraestrutura necessária para um evento da magnitude que foi o Festival de Rock de Woodstock, levaram seu projeto até o fim, acabando por patrocinarem um dos maiores - senão o maior - festival de rock de todos os tempos.


Porém, o que nem mesmo os organizadores sabiam - ou previram - foi a dimensão que o evento foi tomando, algo como que um aglutinador, ou mesmo uma vitrine, tanto do rock (extremamente em alta entre os jovens, hippies ou não), como de toda a Contracultura - [Para um melhor entendimento desse movimento cultural, acesse o link que segue mais abaixo, para ler um outro artigo deste blog sobre o assunto.] - tomando proporções pra lá de inesperadas... 




Os organizadores dizem ter vendido, antecipadamente, em torno de 186.000 ingressos, mas os shows tiveram, em todos os dias do Festival, uma média de público de 200.000 pessoas (estimada pelos organizadores), porém, com picos de até 500.000 pessoas (ou seja, meio milhão de almas!!), mostrando que, para muitos - que forçaram portões, pularam cercas, ou exploraram os matagais em volta do local (entrando, assim, por locais mais recônditos e menos vigiados) - os shows foram mesmo gratuitos. Já aos que pagaram, desembolsaram - há época - US$ 18,00 (Dezoito dólares), algo em torno de US$ 75,00 (Setenta e cinco dólares), para os valores de hoje.

[A foto a seguir mostra o mar de gente que assistia aos shows do Festival de Woodstock, nos três dias do evento.]



Quanto às apresentações que ocorreram durante todo o Festival, segue a lista de como se dividiram os artistas que se apresentaram em cada um dos dias do evento, como exposto abaixo:


DIA 15/08/1969 - Sexta-feira

Richie Havens, Swami Satchidananda (fez um discurso de abertura), Sweetwater, Bert Sommer, Tim Hardin, Ravi Shankar (que fez um concerto sob a chuva, rendendo cenas no público brincando na chuva e no barro que se formou na área da platéia), Melanie, Arlo Guthrie e Joan Baez (cantora muito cultuada pelo movimento hippie, e que se apresentou grávida de seis meses).



DIA 16/08/1969 - Sábado

Quill, Country Joe McDonald, Santana (cujo baterista de sua banda, então com 20 anos, foi o músico mais jovem a se apresentar em Woodstock), John Sebastian, Keef Hartley Band, The Incredible String Band, Canned Heat, Mountain, Grateful Dead (ótima banda, que acabou tocando numa festa pelo aniversário de 1 ano da morte de Janis Joplin), Creedence Clearwater RevivalJanis Joplin (que apresentou-se com The Kozmic Blues Band), Sly & the Family Stone, The Who e Jefferson Airplane.



DIA 17/08/1969 - Domingo (e madrugada do DIA 18/08/1969 - Segunda-feira)

Joe Cocker e The Grease Band (que, após sua apresentação, devido uma tempestade, a apresentação foi interrompida por horas), Country Joe and The Fish, Ten Years After, The Band, Johnny Winter (com seu irmão, Edgar Winter), Blood, Sweat & Tears, Crosby, Stills, Nash & Young, Paul Butterfield Blues Band, Sha-Na-Na e Jimi Hendrix (com Gypsy Sun & Rainbows).



Devido à importância do Festival de Woodstock - e, em muito, devido ao registro que, para os padrões atuais, pode ser considerado, até mesmo, irrisório - muita lenda se criou em torno desses shows. A grande exceção foram as filmagens, captadas durante todo o festival, e que acabou gerando um documentário - Woodstock - lançado em 1970.  Abaixo, vamos tentar separar o que é fato e o que é lenda nessa história...



Alguns dizem que a falta de estrutura e o excesso de público causou muitos problemas, tendo ocorrido até mesmo mortes e brigas ferrenhas por comida e bebida. Já na versão dos organizadores - e que se sobressaiu, por fim - foi justamente o contrário: numa confirmação do próprio "slogan" do festival, durante os três dias do mesmo houve paz e congraçamento entre o enorme público, com momentos de divisão de provisões entre quem tinha e quem não tinha, famílias e comunidades hippies em uma grande comunhão e - também ao contrário do que alegam algumas fontes - não houve nenhuma morte violenta, como assassinatos, bem como as poucas brigas que aconteceram foram logo resolvidas, sem maiores desdobramentos, pela grande turma do "Deixa pra lá!" existente por toda a platéia. Há depoimentos, inclusive, dos donos da fazenda, que, ao verem o público que ia invadindo sua fazenda, acharam que tudo estaria destruído dali três dias; porém, para surpresa e alegria dos mesmos, nada disso aconteceu. Devido a tudo isso, mandaram até mesmo confeccionar uma placa comemorativa do evento na fazenda que foi o local dos shows...


Devido a importância que, com o passar dos anos, o Festival de Rock de Woodstock foi tomando, houveram outros festivais comemorativos, como em 1994, para se comemorar os 25 anos do evento (o Woodstock'94, como ficou conhecido), outro em 2009 (para se comemorar os 40 anos do evento), e teria, neste ano de 2019, o Festival Woodstock 50 Anos, porém o mesmo acabou sendo cancelado pelos organizadores (com muitas versões para o motivo, sendo elas muito desconexas). O que é uma pena, visto a importância histórica e cultural dessa data!


Mas, no fim da história, o que ficou foram as recordações e as cenas ímpares, deste que pode ter sido um dos maiores - senão o maior - dos festivais de rock (e de todos os tempos, é bom que se diga). E, mesmo que não seja o MAIOR, foi - e ainda o é - o MAIS IMPORTANTE que já ocorreu. E, quanto a isso, não há a menor sombra de dúvidas!! 

E - Por que não? - terminemos com uma das máximas - do movimento hippie, das manifestações anti-guerra do período e, até mesmo, do próprio Festival de Rock de Woodstock: "MAKE LOVE, NOT WAR!!" Traduzindo (se é que precisa): "FAÇA AMOR, NÃO FAÇA GUERRA!!"...

E, finalizando: "Paz e Amor, Bicho!!!"