Artigo de conclusão de meu curso de Graduação em "História", concluído em 2009, na Universidade Cruzeiro do Sul.
RESUMO
Este artigo
acadêmico se presta a contar uma breve história do bairro da Casa Verde, desde
suas primeiras menções em documentos antigos da então São Paulo de Piratininga
de meados do século XVII – ainda sem o nome tão enigmático e emblemático que
ganharia no futuro – onde tinha entre seus moradores índios, bandeirantes e
jesuítas (já que analisarei a região e seu entorno), passando também pelo
século XIX, chegando, por fim, a primeira metade do século XX (quando nasceu o
bairro propriamente dito).
A ideia básica e tentar
conhecer, através de uma de suas partes, um todo muito maior: de um de seus bairros,
a cidade; pela Casa Verde, São Paulo.
PALAVRAS-CHAVE
História,
Bairros, Cidade, Casa Verde, São Paulo.
INTRODUÇÃO
É intenção deste
artigo acadêmico contar a história do bairro da Casa Verde, desde meados do
século XVII (quando primeiramente se tem notícia de moradores – não índios, é
bom que se especifique – na região), passando pelos séculos XVIII e XIX, vindo
até a primeira metade do século XX; analisarei assim perto de uns 300 anos de
história. Essa tarefa não será das mais fáceis (tendo-se em vista justamente o
extenso período de tempo abrangido nessa empreitada), mas não será impossível
como o próprio artigo mostrará. Justamente por essa particularidade, a
metodologia de História de que me utilizarei será a chamada “Escola de Annales”,
que usa o conceito da “longa duração”, estudando-se um determinado fato
histórico desde seus precedentes – portanto, suas causas – até, posteriormente,
suas futuras conseqüências. Em suma, uma apuração mais profunda e detalhada do
objeto de pesquisa em questão.
Contarei a
história da Casa Verde desde quando a região era habitada por tribos indígenas,
passarei pela época em que bandeirantes tinham, na região e em localidades
vizinhas, suas fazendas (por onde se espalhavam grandes trigais), além de
muitos de seus índios apresados no sertão – para vendê-los ou utiliza-los como
mão-de-obra nessas mesmas plantações. Falarei de outro personagem crucial desse
período – e que coexistiu no local, quase sempre rivalizando com estes
bandeirantes: os jesuítas. Apresentarei também outros “atores” dessa epopeia que, com suas histórias de vida, ajudaram a criar o nome e a identidade
“casaverdense”, ajudando a transformar a região no bairro que hoje conhecemos.
Além disso, será
cogitada a reabilitação da memória de muitos que, no decorrer desta história da
Casa Verde, terão suas vidas estudadas, tentando assim um maior conhecimento
dos respectivos fatos históricos; para tanto me utilizarei de uma análise da
história da cidade (mesmo que na escala proporcionalmente reduzida de um de
seus bairros), que muitas vezes se mostrará desconhecida de todos nós,
moradores de São Paulo (paulistanos ou não). Para tanto, em diversas situações
apresentadas neste estudo, tentarei trazer luz a novos dados pesquisados,
construindo dessa forma um entendimento do todo pela parte, da cidade pelo
bairro, de São Paulo pela Casa Verde.
SÉCULO
XVII: TERRA DE BANDEIRANTES E DE ÍNDIOS
Podemos situar no
primeiro quarto do século XVII (mais precisamente no ano de 1612), um primeiro
indício sobre a ocupação da região que no futuro viria a ser conhecida como o
bairro da Casa Verde. É precisamente deste ano um requerimento pedido por um
personagem – que será analisado melhor mais adiante – para que o mesmo tivesse
uma licença para assentar “hũ moinho para moer trigo nũ ribeiro q’ chamão
‘manaqui’ da outra banda do ‘rio grande’ mea legoa pela terra demtro...” Seu nome: Amador Bueno.
Ora, sendo que essa área se encontra às margens do ribeirão do Mandaqui (que
hoje corre, subterraneamente, pela Av. Eng.º Caetano Álvares), seus domínios se
estendiam de onde hoje é o Parque Peruche, subindo em seguida na direção da
Casa Verde.
Tem-se notícia de fazendas de bandeirantes pelas imediações, sendo
que, dentre os mais conhecidos dessa leva encontra-se Braz Leme; ele foi o dono
de uma grande casa que, após sucessivas reformas, é hoje conhecida por Sítio
Morrinhos (no Jardim São Bento, portanto dentro dos domínios da Casa Verde).
Dela ele tinha uma boa visão da grande várzea formada pelas cheias do Rio Grande
(o hoje conhecido Rio Tietê). Muitas das fazendas existentes nesse período
tinham como propósito, além do plantio de produtos agrícolas (dentre os quais a
mandioca, o milho e, o mais importante nesse período, trigo – já que esta
cultura se mostrava a mais propensa a ser plantada em grande escala, como
produto “de exportação”, para que a metrópole portuguesa pudesse ter seu pão – de
trigo – de cada dia). Já para si próprios, este “... estava longe de
corresponder ao gosto da população local. Em São Paulo não se gostava de pão de
trigo. Isso era comida de europeu. Em São Paulo, dominava a comida indígena à
base de mandioca e, principalmente, de milho”. Por outro lado (e
corroborando a simbiose existente entre os primeiros paulistas e os índios
residentes em toda a cidade), na vizinhança mais imediata da região da Casa
Verde, muitos de seus moradores eram índios, principalmente na região do atual
bairro do Imirim (que ficou, por muito tempo, conhecido como “Terra de
Índios”), dada à abundância dos mesmos na região (tendo isso ocorrido até o
começo do século XX).
PROPRIEDADE DE UM “REI” ACLAMADO PELO
POVO
Ao falarmos de
Amador Bueno, dentre as tantas histórias da qual foi protagonista, talvez o
episódio mais conhecido tenha sido quando este senhor de terras paulistas (e
que tinha essa atribuição de forma hereditária, como donatário, visto que seu
pai, Bartolomeu Bueno, havia sido um dos colaboradores da colonização
portuguesa do planalto paulista, desde há muito tempo) – foi, justamente pelo
fato relatado a seguir, chamado de “O Aclamado“. Isso aconteceu quando da
vigência da chamada União Ibérica (momento em que a Espanha deteve o governo de
Portugal, de 1580 a 1640, e que, consequentemente, aumentou o fluxo de
espanhóis no território português), e onde “Amador Bueno tinha sua
residência, para os dias em que vinha à vila, na rua São Bento [...] [aconteceu
que, num dia] uma turba, insuflada pelos espanhóis, [...] passou a aclamá-lo
como rei. [...] [ele] apareceu à porta, depois de insistentes chamados, mas
apenas para recusar a honraria e tentar esfriar os ânimos dos manifestantes.” Isso, mesmo que soe como
ingênuo, num primeiro momento, demonstrava que os paulistas não reconheciam o
rei Filipe II, da Espanha, como seu soberano. Essa foi uma constatação no
mínimo emblemática, mesmo vista no contexto de uma América portuguesa, num
pseudo-início de um ainda primitivo nacionalismo. O fato ocorreu longe de suas
terras (como vimos, na região da futura Casa Verde), mas sim no local hoje
conhecido como “centro velho” da cidade – mesmo que no momento não fosse tão
velho assim, já que era a própria cidade em gestação – mostrando desde então a
propensão a cenário histórico que a região norte (ou mesmo seus proprietários),
teriam na vida da cidade desde sua mais tenra “infância”.
Além do que já foi
dito, terá ainda esse personagem um descendente que, no futuro ainda distante,
marcará essa nossa história da Casa Verde de maneira ímpar, chegando mesmo a
ser responsável por parte do episódio que iria denominá-la como tal. Mas, nesse
primeiro momento nos basta dizer que, rivalizando com o prestígio dos donos de
terra (e, por conseguinte, também dos apresadores de índios – que era chamada
simplesmente “indiada”), se encontrava outra forma de “utilização” do índio, em
outra grande fazenda da região, sendo que os empreendedores do processo eram
personagens já inicialmente citados neste texto, como veremos no assunto que
abordarei a seguir.
OS JESUÍTAS E A VIZINHA FAZENDA
SANT’ANNA
Como todos os
outros empreendimentos criados pela Companhia de Jesus nas terras de São Paulo
de Piratininga, a fazenda Sant’Anna (para se utilizar a grafia da época), teve
também seu quê de grandioso e utópico, já que também se utilizava da máxima de
se criar uma civilização dentro de novos moldes, voltada para uma intensa
religiosidade, buscando-se uma vida totalmente imersa nos preceitos cristãos.
Para tanto, no papel de “habitante” dessa sociedade estava a figura do índio e,
no de guardião da lei e dos bons costumes desta, o jesuíta.
Na realidade o
que se via era uma outra forma de se utilizar da mão-de-obra do índio (já que
os mesmos trabalhavam, mesmo que de forma compulsória – e, em sua maioria, não
forçada ou escrava); mesmo que estes tivessem também um mínimo de ensinamentos,
para sua vida real, aquilo não lhes ajudaria muito, sem contar que,
culturalmente falando, não era da índole do indígena da América portuguesa a
sedentarismo (já que sempre haviam sido nômades na vasta região dos Campos de
Piratininga). Por esse mesmo motivo, as brigas e disputas entre os bandeirantes
apresadores e os jesuítas doutrinadores não tiveram trégua durante um bom
tempo.
A grande fazenda
se estendia por vastas paragens e sua sede “... situava-se exatamente onde
hoje se ergue o Quartel do Exército”. Este é o atualmente
chamado CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva), local bem
privilegiado, já que se encontra numa colina natural de onde se avistava toda a
várzea do Rio Tietê (de onde, por conseguinte, sempre se teria uma boa visão no
caso de cheias). A fazenda “... foi doada aos jesuítas pelos herdeiros de
Inês Monteiro, a ‘Matrona’, em 1673”.
Outro personagem
de nossa história (não mais do período colonial), que também foi proprietário
desta fazenda, é o Patriarca José Bonifácio de Andrada e Silva, já que na “...
época da independência do Brasil nela residiam os Andradas. [...] aí teria sido
redigido [...], em dezembro de 1821, a representação [...] que teria
contribuído para o ‘Fico’, do príncipe regente D. Pedro”. Após ele, a grande
fazenda foi vendida e começou a ser loteada, nos fins do século XIX, dando
origem ao bairro de Santana.
UM HOMEM CHAMADO JOSÉ AROUCHE DE TOLEDO
RENDON
Em meados do
século XIX, vamos encontrar uma São Paulo elevada a categoria de cidade (tendo
também o título de “Imperial Cidade” outorgado pelo agora imperador D. Pedro I,
devido ao fato de ter sido nela que ele veio a proclamar a Independência do
Brasil, a 7 de setembro de 1822). O maior orgulho desta, nesse momento, era o
de ter sido escolhida para ser detentora da honra de sediar uma Faculdade de
Direito (juntamente com uma segunda cidade, Olinda, em Pernambuco). Esta foi
inaugurada no dia 1.º de março de 1828 e teve como seu primeiro diretor o
Tenente-General José Arouche de Toledo Rendon (sendo este o já aludido descendente
direto de Amador Bueno, sendo seu quinto neto). Esse senhor tinha uma casa nas
imediações do largo do São Francisco (na então chamada Travessa do Colégio –
atual rua Anchieta), que tinha as rótulas (um tipo de janela da época),
pintadas de verde.
Como diretor da
Faculdade de Direito, teve muitas rusgas com seu primeiro professor, o senhor
José Maria de Avelar Brotero (o futuro Conselheiro Brotero, que deu depois seu
nome a uma rua bem conhecida de São Paulo). O primeiro acabou também por
comprar uma chácara, onde hoje se encontra o Largo do Arouche – cujo nome foi
dado justamente devido a seu proprietário mais notório – onde fazia seus
experimentos agrícolas, tendo sido, possivelmente, o primeiro plantador de café
de São Paulo, tendo feito isso exatamente “... no sítio que possuía na
margem direita do Tietê, conhecido como ‘Casa Verde’, e que iria dar nome ao
bairro que se formou no local”. É bom que se diga que no
mesmo não havia, como sede ou outro tipo de edificação, nenhuma casa pintada na
cor verde.
É possível também
que o mesmo tenha sido o pioneiro no plantio do chá, sendo dele as mudas que
seriam plantadas numa chácara que existia no Vale do Anhangabaú (advindo daí
uma das muitas particularidades de São Paulo, que tem como nome de uma das mais
importantes construções no centro antigo da cidade Viaduto do Chá – isso na
terra que sempre se coopta como “do café”).
Adentrando agora
o conhecimento de outra das peculiaridades dessa história, contarei como este
diretor da Faculdade de Direito está envolvido com a denominação de Casa Verde
dada àquela região da zona norte de São Paulo (não como já pode ter sido
entrevisto por esse artigo acadêmico até o momento).
AS MENINAS QUE DERAM NOME AO SÍTIO (E, DEPOIS, AO BAIRRO)
Contarei agora a história (e, por que não dizer, a lenda), do
surgimento do nome “Casa Verde”. Já conhecemos José Arouche de Toledo Rendon,
e, fato era, que este tinha também sete irmãs, cujos nomes são, pela ordem: “Dª.
Ana Tereza de Araújo Rendon, Dª. Caitana Antónia de Toledo Lara e Morais, Dª.
Pulquéria Leocádia de Toledo Rendon, Dª. Gertrudes Genebra de Toledo Rendon,
Dª. Maria Gertrudes, Dª. Joaquina Luisa de Toledo Lara e Dª. Rudezinda de
Toledo Rendon.” Estas meninas eram também
muito apreciadas e galanteadas pelos estudantes da Faculdade de Direito e eram
por eles chamadas de “as meninas da casa de janelas verdes”. Como o
Tenente-General também veio a se tornar dono de um sítio localizado na região
do hoje chamado bairro da Casa Verde, os mesmos rapazes estudantes começaram a chamar
também este de “sítio das meninas da casa de janelas verdes”. Com o passar do
tempo (e com a incidência de uma daquelas corruptelas que toda língua vai
adquirindo com o passar dos anos), o nome foi “abreviado” para “sítio das
meninas da casa verde”, e daí para “Sítio da Casa Verde”, simplesmente. Já as
protagonistas também auxiliaram muito para que o ocorrido se tornasse uma
espécie de lenda urbana, visto que as sete irmãs nunca se casaram (não se sabe
exatamente por quais motivos), sendo ainda, no fim de suas vidas, conhecidas de
uma forma parecida: foram chamadas “... velhas da casa-verde”.
Quanto a sua transformação em bairro, propriamente dito, os
próximos personagens que analisarei (e seus respectivos fatos históricos), são
de primordial importância (visto que foram os últimos senhores do Sítio da Casa
Verde). Estes formaram uma elite (e sendo que, para tanto, teremos de rever
muitas das famílias envolvidas diretamente com os episódios que serão
apreciados mais adiante), que em última instância, vão dar ao sítio sua
derradeira atribuição, vindo para isso loteá-lo, dando o pontapé inicial para
que a região viesse a se tornar o bairro que hoje conhecemos (e que agora
analisamos).
OS ÚLTIMOS DONOS DO SÍTIO DA CASA VERDE
As terras da Casa Verde ficaram por muito tempo com os Rendon “...
até que em 1857 a área foi comprada por Francisco Antônio Baruel (pai do famoso
farmacêutico)”. ; seu filho foi, portanto,
o criador da Chimica Baruel, (fundada em 1892 e ainda hoje atuando
comercialmente). O sítio foi vendido pelos Baruel a um comprador não tão
conhecido assim, o obscuro “... tenente-coronel Fidélis Nepomuceno Prates”. Algum tempo depois as
terras foram dadas a uma empresa como parte do pagamento de dívidas.
Já se apresenta assim o derradeiro lance desta história: o momento
onde o sítio sai de cena para dar lugar ao bairro. Iam, portanto longe os
tempos da grande fazenda de Amador Bueno – que um autor diz saber o exato lugar
de sua sede – precisando-a como devidamente assentada onde atualmente se encontra
o “... cruzamento das ruas Zanzibar e Kiel, na Casa Verde Baixa, ponto,
aliás, por onde passava o Tietê, três séculos antes de sua retificação”. E, falando-se dos rios (tão abundantes
na região – e que teve nestes córregos e rios pontos de demarcação naturais),
também não
tardariam as obras de loteamento, bem como as de canalização dos córregos e,
principalmente, do próprio rio Tietê (cujas obras se aceleram durante a
primeira metade do século XX, quando da implantação do sistema viário das
marginais).
Foi somente em 1882 que as terras foram vendidas a João Maxwell
Rudge – que substituiu o café e o chá, plantados por José Arouche de Toledo
Rendon, por videiras – ainda utilizando-se das terras como sítio mesmo, tendo
sido o último a mantê-las sem nenhum tipo de “retalhamento”. Quando o velho
Rudge morreu, em 1897, seus “... filhos do primeiro casamento, Horácio,
Olímpia, Ana, Luíza, e Paulina Vergueiro Rudge, decidem lotear o sítio...”.
Num lugar cujas histórias estão a tanto
tempo enraizadas na memória popular (como é o bairro ora analisado), não é de
se estranhar que tenha ocorrido algo como o que iremos relatar (e que servirá
para finalizar a apresentação dessa breve história da Casa Verde); esta também
será uma espécie de reafirmação de suas origens históricas (mesmo que de uma
maneira um tanto quanto positivista), como veremos a seguir.
A FUNDAÇÃO DA VILA TIETÊ, OU MELHOR, CASA VERDE
Tem-se como data de fundação do bairro – portanto, a sua “data de
nascimento” – o dia 21 de maio de 1913, já que foi neste dia que “...
vendeu-se a J. Marques Caldeira, português, oficial de justiça, o primeiro lote
de terreno, na rua João Rudge, lado par, esquina da rua Saguairú”. Além do aniversário do bairro (que,
portanto completou 105 anos, neste ano de 2018), nesta citação temos também o
nome de seu fortuito primeiro morador. Mas, como teria sido a vida de J.
Marques Caldeira no novo bairro? Com certeza não muito fácil, já que as
principais comodidades do moderno urbanismo (como água encanada e energia elétrica,
para citarmos poucos exemplos), foram chegando à Casa Verde de maneira bem
lenta.
Um pouco antes, quando se estudava a
implantação do loteamento para a criação do novo bairro, Horácio Vergueiro
Rudge – o responsável dos irmãos-herdeiros, filhos de João Maxwell Rudge – veio
a chamá-la de Vila Tietê. Porém, desde o início, o bairro “... apenas se conhece por
Casa-Verde. A denominação Vila-Tietê subsiste tão só nos papéis oficiais. Era o
baptismo popular demonstrando a sua grande e invencível pujança”.
Uma coisa que veio a melhorar a vida no
bairro foi a construção da primeira ponte, sendo esta “... de óptima madeira de
lei”.
Ela ficava muito próxima de onde está a atual Ponte da Casa Verde (esta de
concreto, construída já em meados do século XX), mostrando que Horácio
Vergueiro Rudge foi mesmo uma espécie de primeiro urbanizador da região.
Atualmente a Casa Verde está entre os
bairros mais populares da zona norte (e de São Paulo). Fica a exatos oito
quilômetros do centro da cidade, dentro dos seguintes limites: “Começa com a Ponte da
Casa Verde, na Marginal do Tietê, fazendo divisa com Santana, pela Avenida Brás
Leme e pelo Campo de Marte. Segue pela Avenida Engenheiro Caetano Álvares, onde
faz divisa com o Limão. Por suas ruas pequenas limita-se também com a Vila Nova
Cachoeirinha, com o Mandaqui e o Imirim. No cruzamento da Avenida Imirim com a
Engenheiro Caetano Álvares [...] volta a fazer divisa com Santana”.
CONCLUSÃO
O bairro da Casa Verde é dos mais
bucólicos de São Paulo, onde a vida ainda parece estar seguindo o curso de uma
São Paulo ainda antiga, ainda rural, que continua a nos remeter a idéia de
cidade do interior (devido justamente a este passado de sítios e fazendas – que
foram mesmo os primórdios da história do bairro – e que parece continuar, de
alguma maneira, no âmago de sua definição mais básica).
Mesmo com a extrema especulação
imobiliária, que tem aumentado muito nos últimos anos (devido em muito à ótima
localização do bairro, muito próximo do centro, como já dito anteriormente), e
de suas vizinhas – e ainda grandes – reservas florestais, encontrados em
bairros como Santa Terezinha, Horto, bem como também de sua pequena distância
em relação a Serra da Cantareira (que em muito melhoram a qualidade do ar,
ainda mais quando temos em vista essa São Paulo, tão poluída que nos é
apresentada na atualidade).
Não é incomum que se encontre, dentre os
moradores da localidade – muitos deles nascidos no próprio bairro (sendo que,
dentre estes, não podemos excluir este que vos escreve, autor da pesquisa que
foi utilizada para a elaboração deste artigo acadêmico) – os que dizem que não
conseguiriam viver em outro bairro (ou região), da cidade de São Paulo.
Assim é a Casa Verde, esse típico bairro
da Zona Norte, detentor de todas as muitas particularidades dos bairros da
região norte de São Paulo, sendo que estas ocorrem justamente devido ao seu
crescimento único – e “separado” do restante da cidade, em muito devido a suas
terras estarem no além-rio – teve também uma história singular, desde o motivo de
seu nome, até sua localização geográfica.
Espero ter contribuído para mostrar um
pouco de toda essa singularidade histórica, fazendo com que as antigas memórias
dessas paragens sejam mais conhecidas. Num país tão sem memória como o nosso
este pode ser um bom começo.
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
·
LEITE, Aureliano. Pequena
História da Casa Verde. São Paulo: Editora Elvino Pocai, 1939.
·
TORRES, Maria Celestina Teixeira
Mendes. O Bairro de Santana. São Paulo: Departamento de Cultura da
Secretaria de Educação e Cultura da Prefeitura do Município de São Paulo, 1970.
·
PONCIANO, Levino. Bairros
Paulistanos de A a Z. São Paulo: Editora SENAC, 2001.
·
NUNES, Geraldo. São Paulo de
todos os tempos. São Paulo: RG Editores, 2001.
·
TOLEDO, Roberto Pompeu de. A
Capital da Solidão: Uma História de São Paulo das origens a 1900. Rio de
Janeiro: Editora Objetiva, 2003.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
·
TAUNAY, Afonso d’Escragnolle. História Seiscentista da Vila de São Paulo. São Paulo: Typografia Ideal, 1926-1929.
·
BRUNO, Ernani da Silva. História
e Tradições da Cidade de São Paulo. São Paulo: Editora Hucitec, 1991.
·
PORTA, Paula – organização (vários autores). História da Cidade de São
Paulo, v. 2: A Cidade no Império (1823 – 1889). São Paulo: Editora Paz e
Terra, 2004.
·
Prefeitura do Município de São
Paulo (área das Administrações Regionais), conforme link postado abaixo:
http://portal.prefeitura.sp.gov.br/subprefeituras/spcv/dados/historico/0001
acessado no dia 27/03/2008
TORRES, Maria Celestina Teixeira Mendes. O Bairro de Santana. São
Paulo: Departamento de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura da
Prefeitura do Município de São Paulo, 1970, pág. 21