Vamos analisar, neste artigo, momentos em que o cartunista e empresário Walt Disney - através de sua equipe de criadores e da própria estrutura de sua empresa, a Walt Disney Produções - auxiliou o governo dos Estados Unidos da América em sua política de auxílio, durante a Segunda Guerra Mundial, e em sua política anti-comunista, durante a Guerra Fria (que se iniciou num momento anterior, ou seja, ainda durante a Segunda Guerra Mundial). Para tanto, iniciaremos com um breve histórico de como foi a política exterior norte-americana (do século XIX e do início do século XX) - primeiramente as políticas dos presidentes James Monroe e Theodore Roosevelt - para depois analisarmos as mudanças trazidas pelo presidente Franklin Delano Roosevelt (já em meados do século passado).
Política exterior dos Estados Unidos no século XIX e início do século XX
Primeiramente vamos analisar a política exterior de dois dos presidentes norte-americanos - James Monroe, do século XIX, e Theodore Roosevelt, do início do século XX - mostrando que esse quesito de poder mudou muito durante os quase duzentos e cinquenta anos da democracia norte-americana.
Vamos começar com James Monroe, que é o 5.º presidente dos Estados Unidos da América e governou de 1817 a 1825 [quadro acima, à esquerda]. Ele é o responsável pela política conhecida como "Doutrina Monroe", que pregava "A América para os americanos" (a máxima da política de isolacionismo norte-americano, onde os E.U.A. não queriam a intromissão de países europeus na política dos países das Américas, em especial a deles próprios).
Já com Theodore Roosevelt - que é o 26.º presidente dos Estados Unidos da América e governou de 1901 a 1909 [foto acima, à direita] - a política exterior norte-americana teve uma leve mudança (já que, em certo ponto, esta última foi um novo capítulo do mesmo tipo de ideologia da "Doutrina Monroe"). E o nome dessa mudança é a chamada política do "Big Stick" (numa tradução livre, "grande porrete"), sendo ela uma ideologia de não influência - política, econômica ou militar - de outros países (principalmente dos europeus), em países das Américas (a não ser que este país fosse o próprio E.U.A., lógico). Para este Roosevelt, os grandes países teriam uma "carta branca" para se envolver na vida dos países mais pobres (e menos civilizados, como pregava a vigente cartilha do Imperialismo).
Política exterior dos Estados Unidos na primeira metade do século XX
Durante parte da primeira metade do século XX, Franklin Delano Roosevelt - que é o 32.º presidente dos Estados Unidos da América e governou de 1933 a 1945 [foto acima] (e que era primo em quinto grau do primeiro Roosevelt da política dos E.U.A., apresentado mais acima neste mesmo artigo) - a política exterior norte-americana deu uma grande guinada com a sua chamada "Política da Boa Vizinhança" ("Good Neighbor Policy", no seu nome em inglês). Ela consistia de uma aproximação mais amigável dos E.U.A. para com os outros países das Américas, visando - nas entrelinhas - a colocação em prática do "New Deal" (política econômica para sanar os problemas da Grande Depressão dos Anos 1930, advinda da Queda da Bolsa de Nova York de 1929), e que foi estendida com a intervenção norte-americana - auxiliando na tomada de poder de diversas ditaduras militares, em diversos países das Américas - quando foi se iniciando, mais fortemente, a própria Guerra Fria (um pouco após o término da Segunda Guerra Mundial). E foi com este presidente Roosevelt - e sua "Política da Boa Vizinhança", bem como com a própria ocorrência da Guerra Fria - que apareceu a figura de Walt Disney para auxiliá-lo nisso tudo. Como isso aconteceu? É o que veremos à seguir...
E Walt Disney começa a ajudar o governo dos Estados Unidos da América
O cartunista e empresário Walt Disney participou de dois "projetos" do governo dos Estados Unidos da América: um do presidente Franklin Delano Roosevelt (durante a Segunda Guerra Mundial), e outro, já com o presidente Dwight D. Eisenhower, que governou de 1953 a 1961 (e que sucedeu Harry S. Truman, que governou entre 1945 a 1953, e foi o sucessor do próprio Franklin D. Roosevelt).
1.º) Os filmes "Alô Amigos" (de 1942) e "Você já foi à Bahia?" (de 1944):
Durante o governo de Franklin Delano Roosevelt (e sua "Política da Boa Vizinhança"), os estúdios de Walt Disney ajudaram a vender essa ideologia dos norte-americanos. Isso foi feito produzindo os longa metragens de animação "Alô Amigos" (de 1942), e "Você já foi à Bahia?" (de 1944), que apresentavam o personagem Pato Donald como um turista norte-americano que conhecia amigos em países da América Latina - como o México (representado pelo galo Panchito), e o Brasil (representado pelo papagaio Zé Carioca) - e sempre se maravilhava com as culturas latinas que encontrava pela frente. Pode-se dizer que as animações conseguiram seu objetivo, pelo menos em relação ao Brasil, já que deve ter ajudado um pouco o governo brasileiro do presidente Getúlio Vargas à se decidir a entrar na Segunda Guerra Mundial ao lados dos Aliados (como queria a "Política da Boa Vizinhança" de Roosevelt).
2.º) A série de TV "O Homem no Espaço" (de 1955), criada por Walt Disney e apresentada por Wernher von Braun:
Durante o governo de Dwight D. Eisenhower - que governou de 1953 a 1961 - iniciou-se a corrida espacial (como parte integrante da Guerra Fria). Sendo assim, os estúdios de Walt Disney produziram, em 1955, uma série de TV com o nome de "O Homem no Espaço". e era apresentada por ninguém menos que Wernher von Braun - que foi o cientista que criou os foguetes V-2 nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial - tendo sido "recrutado" pelos norte-americanos para ser um dos cientistas do programa espacial da NASA (sendo um dos maiores responsáveis pelo sucesso de programas como o Mercury e o Apollo).
Inusitado essa forma de utilização de desenhos animados e produção pra a TV dos estúdios de Walt Disney como forma de disciminação de ideologias políticas? Nem tanto quanto podemos imaginar. Tanto que voltaremos a este tema num futuro artigo...
Política exterior dos Estados Unidos no século XIX e início do século XX
Primeiramente vamos analisar a política exterior de dois dos presidentes norte-americanos - James Monroe, do século XIX, e Theodore Roosevelt, do início do século XX - mostrando que esse quesito de poder mudou muito durante os quase duzentos e cinquenta anos da democracia norte-americana.
Vamos começar com James Monroe, que é o 5.º presidente dos Estados Unidos da América e governou de 1817 a 1825 [quadro acima, à esquerda]. Ele é o responsável pela política conhecida como "Doutrina Monroe", que pregava "A América para os americanos" (a máxima da política de isolacionismo norte-americano, onde os E.U.A. não queriam a intromissão de países europeus na política dos países das Américas, em especial a deles próprios).
Já com Theodore Roosevelt - que é o 26.º presidente dos Estados Unidos da América e governou de 1901 a 1909 [foto acima, à direita] - a política exterior norte-americana teve uma leve mudança (já que, em certo ponto, esta última foi um novo capítulo do mesmo tipo de ideologia da "Doutrina Monroe"). E o nome dessa mudança é a chamada política do "Big Stick" (numa tradução livre, "grande porrete"), sendo ela uma ideologia de não influência - política, econômica ou militar - de outros países (principalmente dos europeus), em países das Américas (a não ser que este país fosse o próprio E.U.A., lógico). Para este Roosevelt, os grandes países teriam uma "carta branca" para se envolver na vida dos países mais pobres (e menos civilizados, como pregava a vigente cartilha do Imperialismo).
Política exterior dos Estados Unidos na primeira metade do século XX
Durante parte da primeira metade do século XX, Franklin Delano Roosevelt - que é o 32.º presidente dos Estados Unidos da América e governou de 1933 a 1945 [foto acima] (e que era primo em quinto grau do primeiro Roosevelt da política dos E.U.A., apresentado mais acima neste mesmo artigo) - a política exterior norte-americana deu uma grande guinada com a sua chamada "Política da Boa Vizinhança" ("Good Neighbor Policy", no seu nome em inglês). Ela consistia de uma aproximação mais amigável dos E.U.A. para com os outros países das Américas, visando - nas entrelinhas - a colocação em prática do "New Deal" (política econômica para sanar os problemas da Grande Depressão dos Anos 1930, advinda da Queda da Bolsa de Nova York de 1929), e que foi estendida com a intervenção norte-americana - auxiliando na tomada de poder de diversas ditaduras militares, em diversos países das Américas - quando foi se iniciando, mais fortemente, a própria Guerra Fria (um pouco após o término da Segunda Guerra Mundial). E foi com este presidente Roosevelt - e sua "Política da Boa Vizinhança", bem como com a própria ocorrência da Guerra Fria - que apareceu a figura de Walt Disney para auxiliá-lo nisso tudo. Como isso aconteceu? É o que veremos à seguir...
E Walt Disney começa a ajudar o governo dos Estados Unidos da América
O cartunista e empresário Walt Disney participou de dois "projetos" do governo dos Estados Unidos da América: um do presidente Franklin Delano Roosevelt (durante a Segunda Guerra Mundial), e outro, já com o presidente Dwight D. Eisenhower, que governou de 1953 a 1961 (e que sucedeu Harry S. Truman, que governou entre 1945 a 1953, e foi o sucessor do próprio Franklin D. Roosevelt).
1.º) Os filmes "Alô Amigos" (de 1942) e "Você já foi à Bahia?" (de 1944):
Durante o governo de Franklin Delano Roosevelt (e sua "Política da Boa Vizinhança"), os estúdios de Walt Disney ajudaram a vender essa ideologia dos norte-americanos. Isso foi feito produzindo os longa metragens de animação "Alô Amigos" (de 1942), e "Você já foi à Bahia?" (de 1944), que apresentavam o personagem Pato Donald como um turista norte-americano que conhecia amigos em países da América Latina - como o México (representado pelo galo Panchito), e o Brasil (representado pelo papagaio Zé Carioca) - e sempre se maravilhava com as culturas latinas que encontrava pela frente. Pode-se dizer que as animações conseguiram seu objetivo, pelo menos em relação ao Brasil, já que deve ter ajudado um pouco o governo brasileiro do presidente Getúlio Vargas à se decidir a entrar na Segunda Guerra Mundial ao lados dos Aliados (como queria a "Política da Boa Vizinhança" de Roosevelt).
2.º) A série de TV "O Homem no Espaço" (de 1955), criada por Walt Disney e apresentada por Wernher von Braun:
Durante o governo de Dwight D. Eisenhower - que governou de 1953 a 1961 - iniciou-se a corrida espacial (como parte integrante da Guerra Fria). Sendo assim, os estúdios de Walt Disney produziram, em 1955, uma série de TV com o nome de "O Homem no Espaço". e era apresentada por ninguém menos que Wernher von Braun - que foi o cientista que criou os foguetes V-2 nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial - tendo sido "recrutado" pelos norte-americanos para ser um dos cientistas do programa espacial da NASA (sendo um dos maiores responsáveis pelo sucesso de programas como o Mercury e o Apollo).
-.- X -.-
Inusitado essa forma de utilização de desenhos animados e produção pra a TV dos estúdios de Walt Disney como forma de disciminação de ideologias políticas? Nem tanto quanto podemos imaginar. Tanto que voltaremos a este tema num futuro artigo...
4 comentários:
Realmente os "inocentes" desenhe animados serviam de propaganda para a política norte americana da época...
É isso, mesmo, MÍDIA DA MÍDIA. E isso sempre foi um ótimo veículo pra se passar ideologias...
Eu realmente gosto desse filme (você já foi a Bahia?) eu acho muito legal o que o Walt Disney fez. Ele era otimo
Que bom que gosta do filme, I'm Ace I'm happy !! Eu também o acho uma das boas animações da Disney, mas também não podemos deixar de enxergá-lo como uma peça de propaganda (mesmo que transformada num bom filme de animação e com o padrão Disney de produção)!! Abraços...
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