sexta-feira, 28 de julho de 2017

Avenida Paulista, ontem e hoje

Para falarmos da construção da Avenida Paulista teremos de voltar um pouco no tempo, antes de desta, mais precisamente lá pelo século XVIII, pelo menos... Nessa época a cidade basicamente se delimitava pelos pontos de seu "triângulo histórico", à saber: o Mosteiro de São Bento, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo e o Convento de São Francisco de Assis como vértices, tendo ao centro - mas nem tão central assim - o Largo da Matriz (ou seja, a futura Praça da Sé).

Porém, a cidade ia se expandindo para todos os lados possíveis, mais ainda para as cercanias do seu sentido oeste, onde iam aparecendo cemitérios de ordens católicas e protestantes; e, com isso, iam acontecendo também vários novos empreendimentos. O maior destes foi, com toda a certeza, o novo cemitério público que estava sendo construído, o "Cemitério da Consolação" (inaugurado em 15 agosto de 1858, mas já tendo uma história como primeiro cemitério público, com relatos nesse sentido datando desde o ano de 1829). Isso colocou o rumo da cidade na direção do atual bairro de Pinheiros (então apenas uma fazendo de plantação de pinheiros), que descia dos altos da futura Avenida Dr. Arnaldo na direção das várzeas do rio Pinheiros (ainda chamado por seu antigo nome: rio Jurubatuba).

Ali ao lado, seguindo por este caminho, quase no centro do percurso entre o "Cemitério da Consolação" e a fazenda de pinheiros, ficava o chamado "Morro do Caaguaçu" - na verdade o cume do morro, que era bem plano pras suas condições naturais. Caaguaçu vem do tupi, e quer dizer "Mata Fechada" ou mesmo "Mata Densa", uma vez que o terreno do local era uma grande porção, bem fechada por sinal, de nossa Mata Atlântica (cuja vegetação remanescente fica no atual Parque Trianon), motivo pelo qual a região era pródiga em quilombos, formados por negros que fugiam de localidades como o Bexiga e subiam o morro em busca de segurança. Também foi muito utilizada como caminho de boiadas, que seguiam todas, por alguma picada no meio da mata, para uma abatedouro existente logo adiante, após o Caaguaçu, próximo de onde viria a ser o bairro da Vila Mariana.

Porém, não obstante, durante boa parte do século XIX alguns investidores foram adquirindo terrenos no local, já com o intuito de se fazer uma grande avenida na região, bem como também fazendo-a demarcar alguns novos bairros para os mais abastados. A Avenida Paulista foi inaugurada - ainda de terra, sem nenhum tipo de calçamento, e com poucas casas nas imediações - em fins do século XIX, mais precisamente em 8 de dezembro de 1891, devido ao gênio e à perspicácia de um português, Joaquim Eugênio de Lima.




Aos poucos ela foi ganhando pedras de paralelepípedos e, mais tarde, asfalto. Ainda em fins do século XIX a avenida torna-se o endereço dos endinheirados barões do café; e, já no início do século XX, ela foi ganhando notoriedade como o lar dos grandes industriais, como os Matarazzo e os Martinelli; e, entre outras coisas, estes construíram suas famosas mansões ou mesmo compraram as mansões de algum dos barões do café endividados (transformando-as agora em "mansões de magnatas da indústria"). Nas fotos abaixo seguem imagens dos primeiros anos do século XX - a primeira é de 1902 e a segunda é de 1905 - com seu clima ainda mais para o "residencial de elite"...



Nas décadas de 1910 todo esse glamour só fez aumentar. A Avenida Paulista e todas as ruas de seu entorno se tornaram o bairro da vez nos empreendimentos imobiliários e o Jardim Paulista, como começou a ser chamado, se tornou o endereço do desejo dos ricos e poderosos. E tinha fácil acesso para todos - até aos mais pobres, que a frequentavam na condição de criados dos mais abastados - devido uma bem servida linha de bondes...



Já na década de 1920 torna-se o endereço de festas e da vida noturna, sendo sua joia maior o restaurante "Belvedere Trianon", localizado onde hoje se encontra o MASP (Museu de Arte de São Paulo), e que, "diz a lenda", era frequentado pelo pessoal que iria fazer a "Semana de Arte Moderna", em 1922, tendo sido lá, nas mesas do Belvedereque se arquitetou todo o evento. A Avenida Paulista era também parte integrante de São Paulo como uma espécie de centro novo da cidade, porém sem perder um charme de elite interiorana ainda presente. É o caso dos corsos, desfiles de carros "fantasiados", todos paramentados para o Carnaval. É, os "Loucos Anos 20" haviam chegado à avenida mais importante de São Paulo.



  
Foi em meados da década de 1950 que a sua aura estritamente residencial começou a mudar, uma vez que a expansão da cidade começou a levar para a Avenida Paulista o comércio, alguns bancos e mesmo a sede de empresas nacionais e multinacionais. Também foi nesse momento que a verticalização da região se iniciou, ainda de forma discreta, pondo abaixo muitas das mansões (que antes eram os símbolos da potência econômica - de sua então classe dominante - que a avenida representava).


Já nas décadas de 1960 e 1970 várias mudanças foram sendo sentidas também, tais como a especulação imobiliária, que elevou o preço dos imóveis na região. Com isso, foi-se implementando a atual tendência da região, a verticalização e seus edifícios - ou, os famosos "espigões da Paulista" - onde empresas e bancos, nacionais, multinacionais e estrangeiros, começaram a fazer suas transações, transformando a Avenina Paulista no centro nervoso das finanças do estado e do próprio Brasil.




A ligação entre a Avenida Paulista e as finanças do estado, e mesmo do Brasil, só se agigantaram. Um exemplo disso é o fato da sede da FIESP (Federação da Indústrias do Estado de São Paulo), estar na avenida, sendo um dos edifícios mais lembrados dos muitos existentes no endereço - alguns o odeiam, alguns o amam - mas todos se lembram dele. Também entre as décadas de 1960 e 1970 várias atrações culturais foram sendo implementadas, transformando a Avenida Paulista num endereço também cultural da cidade de São Paulo. Lugares como o MASP (Museu de Arte de São Paulo), inaugurado ainda numa rua do centro de São Paulo, inicialmente, ainda na década de 1950, logo foi lotado na Avenida Paulista, desde 7 de novembro de 1968, para sermos mais exatos. Mais tardio mas não menos interessante é a Casa das Rosas, onde acontecem saraus e lançamentos de livros. A casa é das poucas remanescentes das mansões de outrora, porém é uma construção já meio tardia, uma vez que é de 1935, tendo sido projetada pelo arquiteto Ramos de Azevedo (o mesmo do Teatro Municipal). Foi tombada em 1985 e, após restauração, desde o final da década de 1990 está aberta ao público. 




Nas décadas seguintes houve mais uma avalanche de mudanças ocorrendo com a Avenida Paulista. E passamos por diversos tipos de manifestações políticas (de esquerda e de direita), comemorações de títulos de vários clubes do futebol paulistano e de outros tipos de eventos que não podem ocorrer em outro lugar que não a Avenida Paulista. Além deles, há também os eventos que já viraram anuais, tais como a "Parada do Orgulho Gay" e a "Corrida de São Silvestre".






Já no século XXI a Avenida Paulista vai ditando moda e lançando novas formas de viver e conviver com ela própria. Uma das novidades é o fato da Avenida Paulista ter agora muitas ciclovias, trazendo um ideal de vida mais saudável e esportivo, fazendo mesmo que a grande avenida - "a que nunca pára e a que não dorme nunca", alguns adjetivos à ela atribuídos através de sua história mais que centenária - possa virar uma grande "rua de lazer" todos os domingos.


Não é a toa que ela está aí, importante desde sempre, com sua história mais do que centenária. E, se pudermos eleger um motivo para essa onipresença e onipotência da Avenida Paulista, arrisco dizer que é a própria capacidade de se reinventar. Sempre!!... 

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Revoltas da história do Brasil com nomes engraçados ou inusitados

Na história do Brasil aconteceram muitas revoltas, guerras e revoluções. Algumas delas têm nomes entre engraçados ou mesmo inusitados. É intenção deste artigo listá-las a vocês, para que as conheçam melhor e possam chegar a mesma conclusão sobre seus nomes ou suas intenções (ou mesmo chegarem a uma conclusão diferente, quem sabe...). 

Sendo assim, segue abaixo a lista feita (em ordem cronológica para uma melhor compreensão):

1) REVOLTA DA CACHAÇA (no Rio de Janeiro, entre produtores de cachaça brasileiros e produtores de bagaceira portugueses - Século XVII)

Entre o final de 1660 e o início de 1661 ocorreu essa revolta devido ao aumento de impostos sobre a produção de aguardente. Os produtores de cana-de-açúcar ganhavam um "à mais" com a produção e a venda da pinga, porém o que mais revoltou essa camada da população do Brasil colonial, pois o real motivo era que os portugueses queriam empurrar para os brasileiros a sua versão de cachaça: a "bagaceira", feita das cascas da uva, que sobravam na produção de vinho, e que não eram tão apreciadas no Brasil, como eram em Portugal. Podemos dizer que foi a primeira luta pela afirmação de um dos produtos manufaturados na colônia, e que, nos dias de hoje, acabou por se tornar um patrimônio nacional.

[Um adendo: com o calor dentro dos engenhos, e a rápida evaporação do subproduto do álcool, fazia com que este último , ao se condensar, pingasse do teto; e, quando os escravos haviam sido castigado com chibatadas, e este líquido pingava nas feridas, ardia muito. Diz a lenda que vem daí os dois nomes pelo qual o produto ficou mais conhecido: pinga (já que pingava do teto), e aguardente (já que a "água" que pingava ardia muito). Cachaça também é cultura!!!]


    
2) GUERRA DOS EMBOABAS (na região das Minas Gerais, entre os paulistas, descobridores das minas, e os portugueses, que chegavam para tomar posse das mesmas - Século XVIII)


Entre os anos de 1707 e de 1709 ocorreu uma verdadeira guerra pela posse das então recentes minas de ouro encontradas numa região que antes era a parte norte do território de São Paulo (e que hoje é o estado de Minas Gerais). Ela foi travada entre os paulistas - que, numa grande afirmação de sua cultura bandeirística, já riscavam os Sertões (o interior da colônia), à procura de ouro e pedras preciosas, desde, pelo menos, fins do século XVI, e que eram os reais descobridores do ouro - e os portugueses - que começaram a chegar aos montes para administrar as recém descobertas minas. Os paulistas, desde a fundação de São Paulo, em 1554, sempre foram considerados como os mais rebeldes dos súditos brasileiros da corôa portuguesa, sendo a própria Guerra dos Emboabas um dos primeiros levantes - de muitos outros que se seguiriam, no decorrer dos séculos - dos irascíveis paulistas (como eram rotulados pelos portugueses da metrópole).

O nome "emboabas" era a forma pejorativa que os paulistas se referiam aos portugueses, já que estes chegavam às minas com suas longas botas que iam até bem acima do joelho, lembrando à indiada, os índios sempre presentes às bandeiras dos paulistas, algumas aves parecidas com grandes emas (e suas longas pernas sem penas). Como a cultura de São Paulo era extremamente ligada à própria cultura dos índios (diferente dos portugueses), sendo que chamá-los de "emboabas" era uma forma de ridicularizá-los sem que eles pudessem entender - ao menos num primeiro momento - do que estavam sendo chamados.



3) REVOLTA DOS MASCATES (em Pernambuco, entre os brasileiros senhores de engenho, da cidade de Olinda, e os portugueses comerciantes, da vizinha cidade de Recife - Século XVIII)



Entre os anos de 1710 e 1711 ocorreu uma guerra entre os moradores de duas cidades vizinhas, Olinda e Recife, no território já conhecido como Pernambuco. Do lado de Olinda, a maioria era de brasileiros senhores de engenhos de cana-de-açúcar (e que estavam na região há mais tempo), e, do outro lado, estavam os portugueses da vizinha cidade de Recife (uma vila que cresceu com o comércio e o porto que se criou na região - desde sua criação, ainda durante as Capitanias Hereditárias - bem como das inovações criadas na cidade com as melhorias feitas por Maurício de Nassau - durante a dominação holandesa da região, no século anterior).

Sendo que os portugueses trabalhavam, em sua grande maioria, com o comércio, eram chamados - de forma depreciativa - pelos senhores de engenho de Olinda, de mascates. Este termo acabou se generalizando para um tipo de comerciante que, nos séculos posteriores, se tornou um personagem corrente principalmente no nordeste, já que o mascate se tornou o vendedor que ia de porta em porta, pelas mais ermas regiões, vendendo todos os tipos de utensílios domésticos possíveis de se carregar no lombo de mulas (sua mais comum forma de transporte).    




4) REVOLTA DOS ALFAIATES (em Salvador, Bahia, sendo também conhecida por "Conjuração Baiana" - Século XVIII)



Entre os anos de 1798 e 1799 - portanto, em fins do século XVIII - ocorreu uma revolta - de cunho popular e com ideias separatistas e de emancipação - cujos personagens eram, em sua maioria, anônimos alfaiates, daí ter passado à História como Revolta dos Alfaiates (sendo que ela também é conhecida por outro nome, o de "Conjuração Baiana").

Sua principal causa foi o imenso descaso do governo português, que aumentava o preço dos produtos de maior uso, atingindo assim as camadas mais baixas da população. Foram inspirados nos ideais de liberdade da "Independência dos Estados Unidos da América", ocorrida em 1776 e na "Revolução Francesa", de 1789 (pela via da divulgação de muitos relatos sobre a "Inconfidência Mineira", ocorrida e debelada em 1789, na cidade de Vila Rica, nas Minas Gerais).


5) REVOLTA DOS MALÊS (em Salvador, Bahia - Século XIX)



Foi uma grande revolta de escravos, ocorrida na noite entre os dias 24 e 25 de janeiro do ano de 1835. O nome da revolta é devido ao fato de se distinguir os escravos negros que tinham origem muçulmana por Malês. Eles eram muito mais cultos e letrados que negros não-muçulmanos vindos de outras localidades da África (em especial de Angola e de Moçambique). Diz-se que essa intelectualidade maior destes escravos faziam com que eles tivessem um gosto maior pela liberdade (e, em contrapartida, lutavam muito mais contra a sua condição de escravos).

Veio daí o fato da revolta ter dado um medo extremo em toda a população de Salvador, bem como também ao fato de ter sido debelada com bastante violência, enforcando vários e vários escravos numa praça (que existe até hoje, bem próxima da região do Pelourinho), para que servissem de aviso aos outros escravos, para que estes não se rebelassem também.


6) REVOLTA DO VINTÉM (no Rio de Janeiro - Século XIX)



Foi uma grande revolta popular, ocorrida na cidade do Rio de Janeiro, entre os dias 28 de dezembro de 1879 e 04 de janeiro de 1880. As causas da mesma foi um aumento de vinte réis, ou seja, um vintém, como tributo, no preço das passagens de bonde, instituído pelo ministro da fazenda do Império, o sr. Afonso Celso de Assis Figueiredo, futuro Visconde de Ouro Preto (isso já quase no ocaso do governo de Dom Pedro II).

Não se tem uma estimativa muito realista dos mortos e feridos, mas pelo menos 3 pessoas morreram, muitos feridos foram enviados pros ainda poucos hospitais da capital do Império e muitos bondes foram depredados, virados e incendiados, mostrando assim todo o descontentamento da população, fazendo com que o ministério caísse e que o novo ministério da Fazenda revogasse o aumento.




7) GUERRA DE CANUDOS (na região do sertão da Bahia, próximo à uma cidadela conhecida por "Canudos" - Século XIX)


Não, isso não foi uma "guerrinha" de crianças no recreio, nem mesmo uma guerra comercial entre restaurantes de "fast-food". O fato ocorreu entre os anos de 1896 e 1897, sendo considerado o primeiro grande embate da recém proclamada República dos "Estados Unidos do Brazil" (Pasmem: esse foi o primeiro nome da nação, sob a égide da República, proclamada em 1889). 

E foi, devido a isso mesmo, encarada como uma grande afronta ao novo regime, já que, dentre outras excentricidades, o líder da comunidade de Canudos, cognominado Antonio Conselheiro (já que pregava e dava conselhos pelas cidades que passava), se dizia monarquista e, segundo os republicanos, queriam criar uma cidade que não queria - e que não iria, diziam - se curvar ante às ordens republicanas. Essa cidadela era Canudos (que tinha esse nome devido à grande quantidade de juncos às margens do rio na qual a vila nasceu). Na realidade, eles queriam é o que todo sertanejo, até os dias de hoje, quer: terra pra plantar (e pra poderem viver suas vidas em paz)...




8) REVOLTA DA VACINA (no Rio de Janeiro - Século XX)



Ocorreu entre os dias 10 e 16 de novembro de 1904 - ou seja, bem no início do século XX - na cidade do Rio de Janeiro. Como o nome sugere, algo que ainda era muito pouco utilizado no Brasil - as vacinas - foram instituídas como sendo obrigatórias (no caso específico, a vacinação era contra a varíola, porém começou-se a se estender essa obrigatoriedade também às outras doenças, como o Tifo, a Febre Amarela e a Peste Bubônica). 

Essa vacinação obrigatória e em massa foi pedida por Oswaldo Cruz, então o Chefe do Departamento Nacional de Saúde Pública (designado diretamente pelo presidente da República, Rodrigues Alves), porém gerou um alto grau de paranoia e aversão à esta vacinação, uma vez que muito se dizia sobre a vacinação ser, na verdade, uma forma de se matar os pobres (uma vez que eles ouviam que a vacina continha os vírus das doenças, o que não era mentira). Na verdade a recente república estava fazendo algo que, comumente, sempre fez (hoje, numa escala menor do que antes): atacar a consequência ao invés da causa, uma vez que o motivo maior das doenças estava na infraestrutura precária da cidade do Rio de Janeiro (com suas várias favelas e cortiços e seus esgotos correndo à céu aberto), coisa que só foi sendo resolvido nos anos que se seguiram (como mostra a foto abaixo, do centro do Rio de Janeiro, em 1906, onde se vê a construção de redes subterrâneas de água e esgoto)...




9) REVOLTA DA CHIBATA (nos navios da Armada, no litoral da capital federal do Rio de Janeiro - Século XX)



Ocorreu nos navios da "Armada" (a maneira como chamavam a Marinha durante a Velha República), começando em 1910 e indo até o ano de 1912, e sua causa foi a contestação ao tipo de castigos físicos que eram dados aos marinheiros (como a chibata, uma espécie de chicote curto, que acabou nominando esta revolta), em especial aos marinheiros negros, uma coisa que muito os desagradava, já que lhes lembrava o passado de muitos de seus parentes mais velhos (que foram escravos ou haviam convivido com o absurdo da escravidão).

Seu líder era o marinheiro negro João Cândido (que, por isso mesmo, ficou aconhecido como o "Almirante Negro"), que redigiu uma carta ao presidente exigindo o fim dos castigos físicos, melhorias na alimentação nos navios da Armada e a anistia a todos que haviam participado da Revolta. Caso contrário eles iriam bombardear a capital da República, a cidade do Rio de Janeiro. Por fim, João Cândido foi expulso da Marinha, internado como louco no Hospital de Alienados e só foi absolvido de suas acusações em 1912. Ou seja, um caso clássico de autoritarismo da ainda nova República no Brasil...



E, para terminarmos nossa lista com o "redondo" número de dez revoltas, vamos listar a última delas, uma bem recente, que, possivelmente, só será estudada (e dado o seu real valor como revolta na história do Brasil), num futuro ainda distante (por algum historiador que possivelmente nasceu há pouco ou ainda está pra nascer). É ela:


10) REVOLTA DOS "R$ 3,80 NÃO!!" OU "DOS 20 CENTAVOS" (na cidade de São Paulo - Século XXI)



Ocorreu em São Paulo, em 2013, quando o prefeito decretou um aumento de R$ 0,20 (Vinte centavos de real), no valor das tarifas de ônibus da cidade de São Paulo (de R$ 3,60 [Três reais e sessenta centavos], para R$ 3,80 [Três reais e oitenta centavos]). Isso foi o estopim para uma grande manifestação popular e de entidades sociais contra o aumento (que consideravam muito abusivo, já que, para eles, era um aumento acima da inflação, coisa que a prefeitura contestava).

Muito mais depredações e incêndios a ônibus (que a imprensa e o governo adoram chamar de "vandalismo", mas que, a bem da verdade, é parte integrante de qualquer revolta popular). E, quaisquer comparações com a revolta n.* 6 de nossa lista (a "Revolta do Vintém"), não será uma mera coincidência, não é mesmo?...


Espero que tenham gostado desse artigo e que esta lista tenha sido um bom exemplo de que nem todas as revoltas e guerras do Brasil são somente as ditas "oficiais" (sendo estas, em sua grande maioria, meras "revoluções" da elite, usadas "para se mudar tudo, visando manter-se tudo como estava antes"), e que estas revoltas populares têm, sim, a sua força, força essa que não pode - nem deve - ser subestimada...

terça-feira, 18 de julho de 2017

A história do Futebol

O Futebol é um dos esportes mais conhecidos e amados pelos moradores desse nosso Planeta Terra. E, talvez por isso mesmo, é até difícil precisar quando - e de que maneira - ele nasceu. Na realidade, em várias culturas e em vários momentos da História, sempre houve algum tipo de jogo ancestral que poderia nos lembrar do nosso atual Futebol. Possivelmente já os homens das cavernas - após a descoberta da roda - deviam "brincar" com objetos rolantes sob seus pés (fosse este uma fruta ou um crânio), com o intuito de fazerem um jogo.

Para tanto, apresentamos abaixo uma pequena lista desses jogos:

* Já nos anos 2000 a.C., havia na China o costume, entre os soldados, de se jogar o "tsu-chu", onde se chutava as cabeças cortadas dos inimigos, fazendo-as passar por entre duas estacas fincadas no chão (mais tarde as cabeças ou crânios foram trocados por bolas de couro). E, no Japão, havia uma variação, o "kemari", que era mais uma celebração religiosa que um esporte, onde a bola representava o sol;




















* Na Grécia antiga, mais precisamente em Esparta, havia o jogo "epyskiros", que era jogado num campo retangular, com times que tinham 11 jogadores (mas que podiam ter mais, dependendo do tamanho que o campo tinha). Este jogo foi citado num livro de Homero sobre esportes com bolas. Já em Roma havia o "harpastum", que era uma espécie de exercício militar feito nas legiões romanas;




















* Na América pré-colombiana, os maias tinham um jogo, o "pok ta pok", onde uma bola deveria ser arremessada por entre um furo feito em pedra que ficava numa parte bem alta de uma parede que circulava o campo onde as equipes jogavam. Ao final da partida, o "capitão" do time perdedor tinha a sua vida sacrificada;



* E, durante a Idade Média, na França, havia o "soule", um dos ancestrais mais próximos do Futebol. Porém, ele acabou sendo proibido, devido a grande violência com que era jogado, bem com devido o grande barulho que o jogo causava...


Mas, e o nosso atual e moderno Futebol? Quando ele foi criado??

Bom, é lugar comum que isso aconteceu no século XIX, na Inglaterra, à época da "Segunda Revolução Industrial" (mesmo que se tenha registro de um jogo bem mais antigo - e bem parecido com o Futebol - que já ocorria na Inglaterra, ainda em 1175), mais precisamente à partir do ano de 1848, quando as regras foram criadas e compiladas no "Cambridge University Association Football Club".

O primeiro time de Futebol do mundo é, possivelmente, o "Sheffield F.C.", fundado em 1857. Disse "possivelmente" pois vários clubes iam sendo criados, e alguns não se mantiveram por tempo considerável ou mesmo que não foram devidamente catalogados, uma vez que a documentação da época não era das melhores; porém, é essa a informação da qual nós dispomos hoje...
     

Portanto, por oficializar e dar a cara que o futebol tem em nossos dias, é que podemos considerar, sim, a Inglaterra como o país onde nasceu o nosso moderno Futebol...





Em 1904 é fundada a FIFA (a "Federação Internacional de Futebol"), e assim se inaugura um outro capítulo na história do Futebol (e que deve ser analisado à parte): o da criação da Copa do Mundo FIFA (ou simplesmente COPA DO MUNDO), que, desde o seu início, foi extremamente cobiçada. Abaixo segue a lista com todas as Copas do Mundo que já ocorreram (e com seus respectivos Campeões):


  1.ª) 1930: Copa do Uruguai - Campeão: Uruguai
  2.ª) 1934: Copa da Itália - Campeão: Itália
  3.ª) 1938: Copa da França - Campeão: Itália

Pausa nas Copas do Mundo devido a eclosão da "Segunda Guerra Mundial".

  4.ª) 1950: Copa do Brasil - Campeão: Uruguai
  5.ª) 1954: Copa da Suíça - Campeão: Alemanha Ocidental
  6.ª) 1958: Copa da Suécia - Campeão: Brasil
  7.ª) 1962: Copa do Chile - Campeão: Brasil
  8.ª) 1966: Copa da Inglaterra - Campeão: Inglaterra
  9.ª) 1970: Copa do México - Campeão: Brasil
10.ª) 1974: Copa da Alemanha Ocidental - Campeão: Alemanha Ocidental
11.ª) 1978: Copa da Argentina - Campeão: Argentina
12.ª) 1982: Copa da Espanha - Campeão: Itália
13.ª) 1986: Copa do México - Campeão: Argentina
14.ª) 1990: Copa da Itália - Campeão: Alemanha Ocidental
15.ª) 1994: Copa dos Estados Unidos - Campeão: Brasil
16.ª) 1998: Copa da França - Campeão: França
17.ª) 2002: Copa da Coreia do Sul e do Japão - Campeão: Brasil
18.ª) 2006: Copa da Alemanha - Campeão: Itália
19.ª) 2010: Copa da África do Sul - Campeão: Espanha
20.ª) 2014: Copa do Brasil - Campeão: Alemanha
21.ª) 2018: Copa da Rússia Campeão: França




Outra informação bem importante:

Quem são os maiores ganhadores das Copas do Mundo feitas atá agora?

Bem, são eles:

BRASIL: Pentacampeão, já que ganhou 5 (1958-Suécia, 1962-Chile, 1970-México, 1994- Estados Unidos da América e 2002-Japão e Coreia do Sul);




ALEMANHA: Tetracampeã, já que ganhou 4 (1954-Suíça, 1974-Alemanha Ocidental, 1990-Itália e 2014-Brasil);




ITÁLIA: Tetracampeã, já que ganhou 4 (1934-Itália, 1938-França, 1982-Espanha e 2006-Alemanha);



ARGENTINA: Bicampeã, já que ganhou 2 (1978-Argentina e 1986-México);





URUGUAI: Bicampeão, já que ganhou 2 (1930-Uruguai e 1950-Brasil);





FRANÇA: Bicampeã, já que ganhou 2 (1998-França e 2018-Rússia);




INGLATERRA: Campeã, já que ganhou 1 (1966-Inglaterra);



ESPANHA: Campeã, já que ganhou 1 (2010-África do Sul).





As duas próximas também já têm seus endereços definidos (como podemos ver abaixo):


22.ª) 2022: Copa do Qatar



23.ª) 2026: Copa do México, do Canadá e dos Estados Unidos da América






É por essas e outras que o Futebol é um dos esportes mais cultuados pelo mundo afora, tendo conseguido façanhas, como, por exemplo, parar guerras, dentre outras coisas. E nem vamos entrar aqui na questão de como é o Futebol no Brasil (que deve ser visto como um capítulo a parte, uma vez que temos o melhor e maior campeonato nacional - o Campeonato Brasileiro - somos considerados o "País do Futebol" - talvez por sermos o único país a: 1.º) ter participado de todas as Copas do Mundo, 2.º) ser o único pentacampeão do mundo e 3.º) e pelo "simples" fato de o melhor jogador de futebol do mundo (eleito o "Atleta do Século XX", bem como ser considerado o "Rei do Futebol"), Pelé, ser brasileiro - mas não só por isso. Afinal parece mesmo que o brasileiro tem o DNA do Futebol (como se já tivéssemos nascido com uma bola de futebol nos pés). Então, analisaremos o Brasil num outro momento...

E então, me digam! O Futebol é ou não é um esporte dos mais apaixonantes?...