Neste artigo farei algo diferente - uma coisa inusitada, mesmo - à grande maioria dos historiadores: falarei da História contemporânea ao meu tempo de vida (no caso, exatamente o tempo de vida por mim vivido até o momento), uma vez que estou completando os meus 50 anos de vida, e, sendo assim, irei falar da História que ocorreu, exatamente durante esse meio século de vida em que eu vivi.
[Logo acima: uma de minhas fotos mais antigas, quando eu tinha por volta de uns 4 anos de idade. O sorriso lindo foi obra de minha mãe, que auxiliou muito bem o fotógrafo que a tirou...]
Digo ser difícil esse tipo de assunto aos historiadores, pois eles, invariavelmente, preferem falar de tempos passados, não vividos por eles, os próprios historiadores em questão. Acho que o caso mais notório de um historiador que ousou falar de seu próprio tempo foi o de Eric J. Hobsbawm, em seu ótimo livro "A Era dos Extremos: O Breve Século XX" (onde ele discorre sobre muitos assuntos do século em questão, muitos deles assuntos que o próprio autor vivenciou). Sendo assim, o que irei fazer aqui é algo que segue essa mesma linha (sendo que deve-se - logicamente - se guardar as devidas proporções quanto aos resultados que ambos conseguiram - o do gênio Eric J. Hobsbawm e o deste simplório historiador, professor e blogueiro que vos fala - pois, entre ambos, vai aí uma boa distância (como acadêmico e, principalmente, como escritor). Então - como explicado - vamos a este difícil exercício (de pesquisa e de escrita)...
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Nasci há 50 anos atrás, à 00:05 h do dia 26 de setembro de 1970 (coincidentemente, aos 5 minutos de um outro sábado, como hoje) - no último ano da década de 1960 - no hospital Beneficência Portuguesa, na cidade de São Paulo, sendo filho das famílias, que sou: da parte de meu pai- de migrantes do interior do estado de São Paulo (meu pai nasceu em Promissão, e viveu muito tempo na cidade vizinha, Penápolis), com descendência de brancos europeus (possivelmente, de portugueses paulistas, que fizeram a vida nos sertões da então província de São Paulo), e de indígenas (dos chamados "negros da terra"), sendo, portanto, um "Cabloco" (nome do resultado da miscigenação de um branco com um índio), ao menos pelo que sei (descoberto em conversas com meu próprio pai); e, da parte de minha mãe, de imigrantes de Portugal (uma vez que meu avô era de Moncorvo, na região de Bragança, ao norte de Portugal; e minha avó era da região de Trás-os-Montes, também ao norte de Portugal).
Porém, antes de começar a minha história - e o que se passou na História durante esse período - é bom falar de alguns dos anos antes de meu nascimento (ou, até mesmo, alguns meses atrás), mostrando alguns dos fatos importantes que ocorreram (e que acho de bom tom citar, antes, a vocês), tais como:
- 1968: aconteceram, na Política (mundial e nacional), o "Maio de 68" (em Paris), e (no Brasil), em dezembro, a Ditadura Militar endureceu de vez, com a assinatura do "AI-5";
- 1969: ocorreram, na Ciência, a tão esperada "Chegada do Homem à Lua" e, na Cultura, o "Festival de Woodstock";
- 1970: em junho (meros três meses e 5 dias antes do meu nascimento), no Esporte, a "Seleção Brasileira de Futebol" conquistou o "Tricampeonato Mundial de Futebol" (durante a Copa do Mundo do México).
Como serão muitos os fatos históricos da qual falarei aqui, eu - na maioria das vezes - os citarei de forma mais leve, não chegando a me aprofundar muito sobre os mesmos (coisa que muitos dos artigos do próprio acervo do blog "Histérica História" já o fez - ou o fará). Outra coisa que acho importante colocar pra vocês é que, para uma melhor compreensão, eu dividirei os assuntos nas 5 décadas que os 50 anos comporão (sendo que assim poderá ficar mais fácil, tanto de escrever, quanto para a leitura de todos vocês), algo que inicio logo a seguir:
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DÉCADA DE 1970 (de 1971 a 1980)
Minha primeira década de vida foi a de minha mais tenra infância, até eu completar os meus 10 anos de idade, momento este o de minha educação formal (em casa e, depois, na escola), sendo que a primeira, em casa, me foi dada por minha mãe, Irma Amélia Frias Gonçalves (1940-2019), que, como dona de casa, acompanhou meu crescimento e minha educação ali, de forma bem próxima; bem como por meu pai, Joaquim Candido Gonçalves Filho (1944-1995), que, mesmo trabalhando muito (como operário de indústria metalúrgica que era), também participou muito de minha educação - podendo ser este um diferencial quanto às crianças dos dias de hoje, cuja educação acaba sendo relegada somente àquela dada pela escola, nas redes de ensino (sendo esta uma crítica construtiva, imbuída de empatia quanto às mudanças que os pais e mães passaram nos quarenta anos que esses fatos têm de lapso de tempo) - coisa que é bem rara nos dias atuais. Já quanto à minha educação formal, a iniciei em 1977 (ano em que eu tinha 6 anos - já que completaria, somente no final de setembro daquele mesmo ano, os meus 7 anos), estudando - pela primeira e última vez - em um colégio particular (devido aos fatos citados acima), ingressando neste colégio no 1.º Ano (migrando - à partir do 2.º Ano - para escolas do Ensino Público, em 1978), sendo este o colégio CCI (Centro de Cultura Imirim). Outra coisa digna de nota: não fiz o Maternal, o Infantil, ou mesmo o Pré-Primário (o chamado Prezinho), nada disso; o meu ensino pré-escolar foi brincando com meus primos e primas, nos quintais da família (o de minha casa e o de meus tios e primos, que eram, também, meus vizinhos). Também neste mesmo ano de 1977 ganhei a minha irmã, Elaine Frias Gonçalves (que nasceu em 21 de fevereiro desse ano), encerrando, assim, a minha vida como filho único (que estava boa, mas que melhorou bastante, ganhando mais companheirismo, aventura e muito mais amor com esse fato). Até o final dessa década eu terminaria o que hoje é o Ensino Fundamental I, acabando a 4.º Ano em 1980 (tendo passado pelo CCI - particular - a E.E.P.G. Professor Dayli Resende França, em uma escola que não me lembro o nome (uma escola de lata) - logo que me mudei para a cidade de Jacareí - e, por fim, a E.E.P.G. Barão de Jacareí - todas estas, públicas). Como demonstrado, vivi na cidade de Jacareí - de 1978 até 1981 (pelo que me lembro) - única experiência de mudança de cidade que tive (devido a mudança de endereço da empresa que meu pai trabalhava). E assim, foi findando minha infância, e se avizinhando a minha adolescência, com a chegada de uma nova década...
FATOS HISTÓRICOS DO PERÍODO:
Com o início dessa nova década, a Ditadura Militar no Brasil (desde 1969, sob o domínio do novo ditador da vez: o General Emílio Garrastazu Médici), endureceu de vez - após a assinatura do "AI-5" (em 1968) - levando a oposição à luta armada da esquerda revolucionária (algo que aconteceu de forma bem forte durante esta mesma década). Também nessa década ocorreu a Comemoração pelo "Sesquicentenário da Independência" (quando, em 7 de setembro de 1972, comemorou-se os 150 anos da "Independência do Brasil"). Mais adiante, em 1974, ocorreu a Crise do Petróleo (quando os países do Oriente Médio, num ataque econômico ao Ocidente - em especial, aos Estados Unidos da América - aumentaram o preço do petróleo, levando seu preço às alturas). Esse fato culminou com muitas mudanças, em especial a ocorrência da Revolução Iraniana, em 1979. Ao final dessa década, no Brasil, começou a ocorrer o processo de "Abertura Política" - à partir de 1977, já com o novo mandatário da Ditadura Militar, o General Ernesto Geisel, que deu um grande passo na direção desta última - rumo ao que ele mesmo chamava de uma "Abertura lenta, gradual e segura" - culminando, em 1979, com a aprovação da Anistia Política (que visava trazer os brasileiros que se encontravam exilados no exterior, em especial, os políticos), coisa que acabou sendo levada a tento. Dessa forma, a década de 1980 se iniciava com uma pequena esperança, mostrando que a nossa ditadura parecia estar chegando próxima de seu capítulo final.
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DÉCADA DE 1980 (de 1981 a 1990)
Com o início de uma nova década, chega a minha passagem para a adolescência e a juventude. De 1981 a 1984 acabei de cursar o que seria o atual Ensino Fundamental II - da 5.ª série à 8.ª série (uma pequena parte cursado na E.E.P.G. Barão de Jacareí e, após nosso retorno a São Paulo, todo o restante desse período foi cursado na escola E.E.P.G Capitão Pedro Monteiro do Amaral, na Casa Verde, em São Paulo) - e, de 1985 a 1987, o que se chamava, meramente, de Colegial (o atual Ensino Médio), do 1.º ano ao 3.º ano (todo ele cursado na escola E.E.P.S.G. Barão Homem de Mello) - terminando meus estudos básicos aos 17 anos. Depois disso, já que eu desenhava desde os meus 5 anos de idade (e já que havia feito alguns esporádicos e pequenos cursos de desenho), acabei iniciando um curso mais longo - na escola "Núcleo de Artes" - sendo ele o curso de "História em Quadrinhos e Desenho Publicitário" (curso este que fiquei durante, mais ou menos, 4 anos). Quanto a iniciar minha vida profissional, comecei a trabalhar (como a maioria dos garotos de minha geração), como "Office-Boy" (em uma empresa de Contabilidade), quando tinha de 13 para 14 anos, em 1984. Justamente devido ao meu curso de desenho, em 1989, com 18 para 19 anos, comecei a trabalhar na área da Publicidade - sempre na área de Artes (como Assistente de Artes, Diretor de Artes Jr., etc...) - coisa que fiz durante o decorrer dos 8 anos seguintes (no decorrer da década de 1990). Também iniciei minha vida social - digamos assim - com o início das baladas, dos namoros, um tempo muito bom, esse...
FATOS HISTÓRICOS DO PERÍODO:
Em meados dessa década, a Ditadura Militar no Brasil chega ao seu fim - em 1985 - com a eleição (de forma ainda indireta), de Tancredo Neves (o primeiro presidente civil eleito desde 1960, com Jânio Quadros); e, devido à decisão de que a eleição seria indireta, um ano antes - em 1984 - aconteceu a Campanha da "Diretas Já", que reuniu milhares de pessoas em várias capitais (eu estava em um desses comícios, na Praça da Sé, com 13 para 14 anos, já iniciando, assim, minha vida de contestador e de esquerdista). Nesta década houve uma reavivada na Guerra Fria (com o boicote às Olimpíadas de Los Angeles, de 1984, em resposta ao boicote dos países capitalistas às Olimpíadas de Moscou, em 1980). O início do governo civil no Brasil - chamado de "Nova República" - com o governo do vice-presidente de Tancredo (José Sarney, que assumiu após a morte do eleito, em 21 de abril de 1985), não foi fácil (em especial devido aos problemas econômicos que a ditadura deixou), iniciando os planos econômicos (como o Plano Cruzado, de 1986), que foram mudando as moedas de forma bem rápida durante essa década. Em 1988 presenciei a Promulgação da Constituição de 1988 (a nova constituição, após a Ditadura). No âmbito da Cultura, vivenciei o que se convencionou chamar de "Rock Brasilis" (dentre outros nomes), sendo este o momento de nascimento do tão cultuado rock brasileiro dos Anos 1980 (onde muitas das bandas que ali nasceram - como Barão Vermelho, Titãs, Legião Urbana, Os Paralamas do Sucesso, etc... - assisti a muitos shows, destas e de outras). Ao final dessa década, duas coisas muito importantes foram vistas por mim (uma no Brasil e outra no mundo): em 1989, no Brasil, ocorreu a primeira Eleição Direta pós-Ditadura Militar (em que eu, em minha primeira eleição, pude votar, iniciando meus votos na esquerda, desde então, minha principal opção nas eleições em que votei; ou seja, todas elas, desde então...), iniciando o primeiro mandato do candidato vencedor, o então presidente Fernando Collor de Mello, em 1990; e, também em 1989, fui testemunha da Queda do Muro de Berlim, e, no ano seguinte - em decorrência desse fato - o seu capítulo final (que foi a Reunificação da Alemanha), sendo que isso apontou para o próprio Final do Comunismo...
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DÉCADA DE 1990 (de 1991 a 2000)
Chegando à minha plena juventude, se iniciam - de forma mais densa e forte - os relacionamentos (com os namoros e afins [O que nós chamávamos, meramente, de "ficar"!!]) - me levando em direção a futuras grandes mudanças em minha vida. Shows de bandas nacionais em eventos gratuitos (na maioria das vezes), domingueiras em danceterias e muitas baladas durante a semana (como o Aero Anta, campeão em assiduidade, devido aos muitos convites ganhos - por mim ou por amigos - em ligações para a 89 FM). Também com relação a minha vida profissional e acadêmica, mudanças viriam. Namoros mais duradouros, entrada no mundo encantado dos concursos públicos (entrando na SABESP, em 1996, onde fiquei mais de 8 anos), entrada tardia na faculdade (Publicidade e Propaganda, na segunda turma deste curso, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, também em 1996 [Graduação que não terminei, devido ter pego DP no primeiro semestre, o que transformaria meu curso numa bola de neve, demorando para findá-lo!!]). E, olhe só: o Ano 2000 - tão vivenciado na cultura pop de minha vida - estava chegando, em seu último ano final do Século XX (trazendo também o advento de um novo milênio)...
FATOS HISTÓRICOS DO PERÍODO:
A Redemocratização no Brasil seguia seu rumo, e, em 1992, o povo teve de tirar seu presidente do poder, de forma de constitucional e democrática, com o Impeachment de Collor (eu estava entre os chamados "Caras-Pintadas", em algumas manifestações), mostrando que nossa insipiente democracia ainda tinha muito pela frente; em 1994, entra em cena o Plano Real (no governo de Itamar Franco, o vice que assumiu após o impeachment, com seu ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso - o FHC - que se tornaria o próximo presidente, por dois mandatos, já que em seu primeiro mandato foi instituída a Reeleição, em 1997). No mundo, seguia-se numa espécie de ressaca após o Fim do Comunismo (com a Rússia querendo ter sua influência assegurada, mesmo sem o Comunismo)...
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DÉCADA DE 2000 (de 2001 a 2010)
Pronto, sou adulto, rsss... Com essa nova década vieram mudanças, Engatei um relacionamento sério, noivei, casei!! Antes, fui morar sozinho; depois, já tínhamos onde morar; mudamos pra casa de minha mãe (necessidade dela), e trocamos de apartamento (tempos bons do casamento). E, pra culminar: ela ficou grávida de um meninão - o Gabriel Frias Gonçalves, meu filhão e companheiraço - que nasceu em 2010 (pra coroar esse tempo bom). Já quanto a minha vida acadêmica, ingressei na Universidade Cruzeiro do Sul - com bolsa de estudos integral (pela Universidade) - em 2007, e me formei Professor de História em 2009; quanto a profissional, saí da SABESP (erro meu, que acabou trazendo coisas boas), e entrei na SPTrans (outro erro, que não trouxe nada de bom)...
FATOS HISTÓRICOS DO PERÍODO:
O Século XXI - e o chamado Terceiro Milênio - começou mal, com o evento da 11 de Setembro, nos Estados Unidos da América, dando uma nova cara à política mundial (e mesmo à guerra). Com isso, durante toda a década, outros atentados foram ocorrendo, em outras partes do Ocidente (como Madrid ou Londres), mas todos com dimensões menores que o atentado que os originou (o 11 de Setembro). No Brasil, a esquerda chegou ao poder - com a Eleição de Lula, em 2002 - que ficou por dois mandatos consecutivos, e elegeu sua sucessora, Dilma Roussef, em 2010...
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DÉCADA DE 2010 (de 2011 a 2020)
Na última década de minha vida, me tornei Professor de HISTÓRIA, passando por alguns colégios particulares - à partir de 2011 - e acabei por prestar concurso novamente, tornando-me Professor de História da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo - onde entrei em 2014 - cargo que ocupo até hoje. Academicamente, entrei - por duas vezes - no Mestrado de "Educação, Arte e História da Cultura" (pela Universidade Presbiteriana Mackenzie), não terminando em nenhuma das vezes (motivos financeiros, tão comuns às vidas de professores, infelizmente). E, em 2012, lancei meu primeiro livro, "Conversas de Boteco - Entrevistas com Anônimos Quase Famosos de nossa História" (um romance histórico-humorístico), pela Editora Multifoco (com lançamento num boteco histórico, o FrangÓ, na Freguesia do Ó). Me separei em 2016, depois de 11 anos de casado (chato, em certos pontos, porém, necessário)...
FATOS HISTÓRICOS DO PERÍODO:
A Democracia no Brasil tomou golpes, socos e tapas, mas seguiu. Nessa década houve grandes eventos esportivos no Brasil, com a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Por fim, após mais de 100 anos, outra grande epidemia (como a que ocorreu, em 1917, com a Gripe Espanhola) - esta, uma grande pandemia - aconteceu no mundo (atingindo o Brasil em março de 2020), iniciando o processo de Pandemia do Corona Vírus (fato pela qual ainda estamos passando, e que pode trazer muitas consequências novas às nossas vidas)...
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Espero que tenham curtido essa viagem tanto quanto eu curti escrevê-la. E que venham mais 50 anos...