Uma das figuras mais controversas e pouco conhecidas da história do Brasil é Zumbi dos Palmares, o grande líder do bastante citado Quilombo dos Palmares. Digo "controversa'' devido algumas alegações feitas à sua administração no quilombo (como a que diz que havia escravos no quilombo e que o que mais detinha escravos era o próprio Zumbi, coisa que não foi comprovada até hoje); e, digo "pouco conhecida" devido a sua história ainda ser bastante esparsa, superficial e cheia de incógnitas. É intenção desse artigo trazer mais luz sobre este personagem de nossa história. Vamos a ele...
[Acima, uma ilustração de Zumbi dos Palmares que consta de muitos livros didáticos utilizados em muitas das escolas do Brasil...]
Como sua vida é pouco documentada, alguns historiadores dizem que ele nasceu no sertão de Pernambuco (mais precisamente na região da Serra da Barriga), em 1655, e - segundo dizem alguns - nasceu livre; porém, foi capturado e - ainda menino - dado como presente a um padre missionário português (daí ele ter, teoricamente, aprendido a língua portuguesa e o latim); já outros fazem uma alusão a ele ter, possivelmente, nascido na África. Seu nome - Zumbi - vem de um dialeto africano e seu significado é: "fantasma" ou "espectro"; e, foi ele o grande - e último - dos líderes do Quilombo dos Palmares, tendo sido morto num conflito para a destruição do quilombo (que veremos melhor mais adiante). Mas, é bom que se diga, a história do Quilombo dos Palmares é bem anterior à Zumbi, já que se fala de um quilombo na região da Serra da Barriga desde 1580. Outro grande líder do Quilombo dos Palmares - Ganga Zumba - tentou (e conseguiu), um acordo com os portugueses para que se acabasse com as hostilidades entre os quilombolas e os fazendeiros do entorno do quilombo. Ah, aproveito para um pequeno e inusitado adendo: a palavra "quilombo" não vem de algum dialeto africano (como muitos podem pensar), mas sim, do tupi, de uma de suas palavras, mais especificamente de "calhambora", que significa: "aquele que foge".
[Acima, uma tela de pintura de Rugendas, com uma representação de quilombo.]
[Acima, uma tela de pintura de Rugendas, com uma representação de quilombo.]
Mas, devido a um racha de poder no quilombo, Ganga Zumba e Zumbi começaram a ter ideias distintas de como seria melhor governá-lo (sendo que o primeiro achava que ele e seus súditos do quilombo deveriam fazer um acordo com os fazendeiros, brasileiros ou portugueses; e o segundo não concordava com qualquer tipo de acordo). Isso bipolarizou o poder - e as ideias - no Quilombo dos Palmares, levando a uma guerra entre os simpatizantes de Ganga Zumba e os aliados de Zumbi, sendo que os últimos levaram a melhor, Ganga Zumba foi envenenado (possivelmente por um dos partidários de Zumbi), e o próprio Zumbi chegou, assim, ao poder no Quilombo dos Palmares.
[Acima, uma ilustração mais atual, com uma representação do líder de Palmares, Ganga Zumba.]
Após 15 anos de sua tomada de poder no Quilombo dos Palmares, o líder Zumbi acabou encontrando um oponente à sua altura, o bandeirante Domingos Jorge Velho (que foi contratado pelo governo de Pernambuco para acabar com o quilombo que mais dores de cabeça dava à elite branca dominante). Os bandeirantes acabaram furando as defesas quilombolas e, em 20 de novembro de 1695, Zumbi foi morto. Após sua morte, seu corpo foi esquartejado, e as partes foram distribuídas e expostas em várias localidades (visando assustar outros negros, demovendo-os de ideias de fuga e de criação de quilombos). Sua cabeça ficou exposta no Pátio do Carmo, em Recife, até que ficasse totalmente em decomposição. E, em homenagem à sua morte (e por sua luta pela liberdade dos negros quilombolas, em última instância), o dia de sua morte ficou conhecido como "Dia da Consciência Negra" (um feriado nacional que foi criado em 2003, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva).
[Acima, uma pintura de Benedito Calixto, onde estão representados dois bandeirantes - ao menos como o pintor achava que eles fossem, em fins do século XIX e início do século XX - onde vemos Domingos Jorge Velho, que é o bandeirante à esquerda na tela.]
Mas o Quilombo dos Palmares ainda resistiu mais um pouco, mesmo após a morte de Zumbi, sendo que sua queda final aconteceu somente no ano de 1710.
[Abaixo, uma ilustração mais atual com uma representação da queda do Quilombo dos Palmares.]
[Acima, uma ilustração mais atual, com uma representação do líder de Palmares, Ganga Zumba.]
Após 15 anos de sua tomada de poder no Quilombo dos Palmares, o líder Zumbi acabou encontrando um oponente à sua altura, o bandeirante Domingos Jorge Velho (que foi contratado pelo governo de Pernambuco para acabar com o quilombo que mais dores de cabeça dava à elite branca dominante). Os bandeirantes acabaram furando as defesas quilombolas e, em 20 de novembro de 1695, Zumbi foi morto. Após sua morte, seu corpo foi esquartejado, e as partes foram distribuídas e expostas em várias localidades (visando assustar outros negros, demovendo-os de ideias de fuga e de criação de quilombos). Sua cabeça ficou exposta no Pátio do Carmo, em Recife, até que ficasse totalmente em decomposição. E, em homenagem à sua morte (e por sua luta pela liberdade dos negros quilombolas, em última instância), o dia de sua morte ficou conhecido como "Dia da Consciência Negra" (um feriado nacional que foi criado em 2003, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva).
[Acima, uma pintura de Benedito Calixto, onde estão representados dois bandeirantes - ao menos como o pintor achava que eles fossem, em fins do século XIX e início do século XX - onde vemos Domingos Jorge Velho, que é o bandeirante à esquerda na tela.]
Mas o Quilombo dos Palmares ainda resistiu mais um pouco, mesmo após a morte de Zumbi, sendo que sua queda final aconteceu somente no ano de 1710.
[Abaixo, uma ilustração mais atual com uma representação da queda do Quilombo dos Palmares.]
A força de Zumbi e do Quilombo dos Palmares ainda se faz presente no imaginário popular, e em meios de comunicação e de movimentos culturais.
[A seguir, temos um busto de Zumbi dos Palmares próximo ao Setor de Diversões Sul, em Brasília, Distrito Federal. E, logo depois, uma foto de Zumbi dos Palmares, conforme o personagem foi retratado no filme brasileiro "Quilombo", de 1984, dirigido por Cacá Diegues.]
Mas, por que "Consciência Negra"? Bom, diz-se que este dia deve ser de reflexão e de conscientização da vida dos negros, para uma maior compreensão de sua história, de sua vida e de suas conquistas e lutas. Mas, há mesmo conquistas para se comemorar? Sim, há, tais como as cotas em universidades, o próprio ProUni, a maior atenção da Justiça em casos de racismo, etc... Porém, muito ainda tem de ser feito. E, como um bom "termômetro" disso, nada melhor que as charges (principalmente aquelas que lidam com costumes da sociedade); sendo assim, é com uma delas que vou terminar este artigo (que espero ter sido bem elucidativo e respeitoso para com os negros, uma das três que formaram o povo brasileiro, juntamente com os índios e os brancos)...
[Então, por fim, segue a charge abaixo - de autoria do grande cartunista paulistano Angeli - onde se mostra muito do que é ser negro num país de elite branca, e tudo isso sem a necessidade de muito texto, mostrando que, mesmo com um feriado da "Consciência Negra", o negro ainda está bem longe de ter uma vida realmente digna no Brasil. Uma representação simplesmente excelente!!...]
7 comentários:
Oi, Valmir! Gostaria de completar seu texto com duas informações: o quadro de "Domingos Jorge Velho" foi pintado por Benedito Calixto em 1903 e se encontra no Museu Paulista, em São Paulo. De fato, a destruição do Quilombo e a dispersão de seus membros rendeu combates até 1697/98. Mas, Domingos Jorge Velho faleceu em Piancó em 1704, portanto, não estaria vivo em 1710.
Obrigado pelas informações, Prof. Elias Feitosa. Vou alterar algumas coisas no texto, então... Valeu, mesmo!!!
Muito precisa se fazer para conhecer mais sobre Zumbi dos Palmares
Muito precisa se fazer para conhecer mais sobre Zumbi dos Palmares
Sim, Prof : Celso, muuuiiito se tem a fazer, quando o assunto é História, seja no caso da história de Zumbi, sejam em outros casos. O Brasil é um país que, infelizmente, ainda conhece muito pouco sobre a sua própria história...
Sim, Prof : Celso, muuuiiito se tem a fazer, quando o assunto é História, seja no caso da história de Zumbi, sejam em outros casos. O Brasil é um país que, infelizmente, ainda conhece muito pouco sobre a sua própria história...
Obrigado pelo belíssimo complemento, Candeeiro. Com certeza ele enalteceu o artigo!! Muito obrigado e continue a prestigiar o blog! Valeu!!!
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