O Halloween é uma festa cujas origens remontam
povos muito antigos - os principais possíveis criadores são os celtas, povo que
habitou o norte da atual França, bem como partes da Bretanha (na atual
Inglaterra) - e era, como tal, considerada uma festa pagã. Seu nome vem da
expressão: “All hallow’s eve”, que
significa “véspera de todos os santos”
(já que ela é, tradicionalmente, comemorada em 31 de outubro, ou seja,
exatamente na véspera do dia 1.º de novembro, “Dia de Todos os Santos” no calendário cristão). Para esses povos pagãos
era nesse dia, anterior ao de todos os santos, que, em contrapartida, todos os
demônios, monstros, bruxas e fantasmas ficavam a solta em nosso mundo físico,
vindo para azucrinar a vida dos pobres viventes mortais...
Ela é bem comum em alguns lugares da Europa, sendo que, através dos colonizadores ingleses, chegou às suas colônias na América (as chamadas “Treze Colônias”, que deram origem aos Estados Unidos da América). Aos poucos foi se enraizando, como data especial no calendário festivo norte-americano, porém ela era bem diferente do que é hoje. Em primeiro lugar, ela não é assim tão antiga quanto os próprios norte-americanos possam pensar, uma vez que a comemoração – em seu atual formato – foi sendo moldada no decorrer do século XX (e não antes disso, como acham alguns). Ela era, por volta dos anos 1920, uma festa anárquica, onde se destruíam propriedades alheias, agrediam-se pessoas, aconteciam muitas brigas, etc... Algo como uma guerra de gangues quase “legalizada” – ou, no mínimo, formalizada. Ao tentarem acabar – ou mesmo minimizar – essa atitude nos mais jovens, começaram, junto a crianças e adolescentes, a oferecer-lhes guloseimas, doces e afins (na tentativa de que, assim, eles poupassem as casas e propriedades dos que agiam dessa forma). Esse foi o princípio do famoso “Trick or treat!” (ou, como traduzimos, “Doces ou travessuras!”, mostrando que, se não fizessem nada de mal aos moradores e às suas casas, ganhariam doces como recompensa pela sua educação).
Aos poucos, devido em muito a
iniciativa de escolas de ensino do idioma inglês no Brasil (e em outras partes do mundo), essa festa foi
chegando ao nosso país, tornando-se uma festa que,
mesmo “importada”, vai fazendo cada vez mais parte do calendário anual de
festas, entrando para a cultura desses países (mostrando outra vertente da
globalização, sendo esta a de cunho cultural). Numa tentativa de fortalecer a
nossa própria cultura, bem como o nosso folclore, instituiu-se no Brasil o dia
31 de outubro como sendo – também – o “Dia do Saci”.
Segue abaixo uma lista com a
origem – cultural, lendária e/ou literária – dos principais seres sobrenaturais e monstros
ligados à tradição do Halloween:
1.) O Vampiro: a
figura do vampiro existe, há muito tempo, nos mitos e folclores de vários
povos, cujas primeiras aparições remontam à Grécia antiga. Porém, nos moldes
como os conhecemos hoje, estão as lendas de povos do leste europeu – em especial da
Romênia – na região dos Bálcãs. E foram nessas lendas que o escritor irlandês
Bram Stoker foi “beber” para criar seu personagem Drácula, para seu livro homônimo, lançado em 1897. E foi esse, a
partir de então, o parâmetro principal para a cultura ocidental quando se trata
da figura antiquíssima do vampiro.
2.) O monstro de Frankenstein: “figurinha
carimbada” nas festas de Halloween, esse monstro é, erroneamente, chamado de Frankenstein, porém, conhecendo-se sua história
(narrada no livro de mesmo nome, escrito e publicado pela escritora inglesa –
então uma principiante – Mary Shelley, em 1818), vê-se que o monstro não tem
nome, sendo "Frankenstein" o nome de
seu criador, o cientista Victor
Frankenstein (sendo ele – e não o monstro – que dá nome ao livro). Nessa
obra a real ameaça acaba sendo a Ciência (que dá vida a um ser abominável em
nome do progresso, sem que o cientista responsável pelo feito acaba não dosando os prós e os contras da experiência que se
estava desenvolvendo).
3.)
A Múmia: esse
monstro clássico entrou para os anais de nossa cultura, mais provavelmente, em
1922, quando o arqueólogo inglês Howard Carter localizou o túmulo do faraó
Tutancâmon, no Vale dos Reis, Egito. E, devido a uma suposta maldição da
múmia (que recairia sobre os que profanassem o sono eterno do faraó – e que,
supostamente, foi a causa de algumas mortes estranhas e misteriosas dentre os
participantes da descoberta), foi sendo esta a visão que, doravante, o Ocidente
teria das múmias (transformando-as num dos monstros clássicos, principalmente com a ajuda do cinema).
4.) O Lobisomem: esta
lenda é tão antiga quanto à do vampiro, sendo também encontrado relatos delas
ainda na Antiguidade. De tão forte, ela espalhou-se por toda a Europa e veio a
chegar, inclusive, ao chamado Novo Mundo, já que, dentre as lendas de nosso
folclore ‘tupiniquim’, ele é parte integrante. O “licantropos” – como era
chamado ainda na Grécia antiga – era um homem que, devido ter sido mordido por
outro lobisomem, vinha a se transformar no mesmo tipo de monstro em toda noite
de lua cheia.
5.) O Médico e o Monstro: é uma
história de terror gótico publicada pelo escocês Robert Louis Stevenson, em
1886. Nela o escritor quis mostrar as agruras de uma pessoa boa (o renomado médico
Dr. Jekyll), que, através da Ciência (novamente dela), conseguiu separar de modo indelével suas personalidades, criando assim uma ‘entidade’
que era o mal puro (o fatídico Mr. Hyde),
trazendo para si – e para os seus – somente a dor, a infâmia, o medo e a desgraça.
6.)
As Bruxas: eram
figuras - em sua grande parte do sexo feminino - que existiam nas comunidades pagãs antigas, sendo parte integrante de
suas vidas cotidianas. Com o advento do cristianismo, a partir do século II
d.C. (e, mais fortemente, durante a Idade Média), se tornaram “personas non gratas” e começaram a ser
perseguidas. O auge desse processo foi entre os séculos XIII e, mais
tardiamente, também no XIX, com os Tribunais da Santa Inquisição (também conhecidos pelo termo genérico de “Caça às Bruxas”).
7.)
Os Fantasmas: o ser
humano sempre temeu a morte – devido mesmo não ter uma real ideia do que
acontece após esse momento fatídico de nossas vidas. Sendo assim, toda e qualquer coisa ruim
que acontecia aos vivos podia ser decorrente de maus espíritos que, em
decorrência de uma espécie de ciúmes dos vivos, poderiam atentar contra suas
vidas (tentando transformá-las num “inferno em vida”). E várias são as culturas
que têm esse tipo de lenda como parte integrante de suas lendas e mitos.
Espero ter dado uma nova luz à
essa espécie de cultura “das trevas” do Halloween que, querendo ou não, já se faz presente
em nossa cultura ocidental, chegando mesmo até aqui ao Brasil (mesmo que não tenha sido exatamente um de seus criadores).
E um bom Halloween a todos!...
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