sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Calendário: uma história da medição do tempo através dos tempos

O homem sempre quis medir o tempo, desde o tempo em que vivia nas cavernas, onde basicamente se conhecia a ideia do dia e da noite. Com o tempo, o homem foi aprendendo que para melhor medir o tempo, o melhor caminho era a observação astronômica. Eles estavam certos, já que são as revoluções do planeta Terra e da Lua em torno de nosso Sol que determina, em última instância, os nossos dias e noites, meses, e mesmo os anos, ou seja, são essas revoluções que, efetivamente, medem o nosso tempo. 

Afinal, é a revolução da Lua em torno da Terra que determina onde é noite e onde é dia (movimento de Rotação da Terra); também ela define o mês, após dar uma volta completa em torno do planeta Terra (movimento de Translação da Lua); é a revolução do planeta Terra em torno de si que determina a duração do dia com 24 horas (movimento de Rotação da Terra); e, por fim, é a duração da revolução do planeta Terra em torno do Sol que determina a duração do nosso ano (movimento de Translação da Terra). Algumas dessas medições eram feitas, muitas vezes, com o uso de construções e monumentos antigos, assim como o de Stonehenge, na Inglaterra...


Com o aparecimento das cidades, na Mesopotâmia, bem como de grandes impérios, como no Egito antigo, a medição do tempo foi ficando cada vez mais importante e sofisticada. Por esta época, também, apareceram os primeiros calendários do mundo (como o calendário egípcio abaixo apresentado)...


Etmologicamente falando, a palavra "calendário" vem do latim, calendãrium, e significa, grosso-modo, "livro de contas de Calendas" (sendo que "Calendas" era "o primeiro dia do mês dos romanos, dia em que as contas eram pagas"). Obviamente, é em Roma que os calendários começam a serem chamados como tal e seu uso é extremamente difundido por todo o Império Romano. Eles eram, esteticamente falando, muito próximo do modelo que seguimos em nossos dias (e eram como este o que apresentamos a seguir)...


Porém, muitas mudanças ainda viriam. Mesmo em Roma existiam diferenças substanciais com a nossa atual medida do tempo. Pra começo de conversa, o calendário romano tinha, durante a Monarquia ou a República romanas, somente 10 meses. Dois meses foram inseridos depois, já durante o Império, um em honra de Júlio César (Julho), outro em honra de Otávio Augusto (Agosto).

Após isso foi montada os nomes dos atuais meses de nossos anos. Numa breve explicação, segue abaixo o significado dos nomes dos nossos 12 meses:

Janeiro: De Januarius, e era uma homenagem ao deus romano Jano, senhor dos solstícios de inverno e de verão.

Fevereiro: De Februa, e era um ritual de purificação feito pelos romanos nesse segundo mês de seu ano.

Março: De Martius, era uma homenagem ao grande deus da guerra dos romanos, Marte.

Abril: Foi desse mês que nasceu a palavra "abrir". Era uma homenagem a deusa Vênus e também ao início da primavera, quando as flores abriam.

Maio: De Maia, portanto uma homenagem a essa deusa. Era uma das deusas da primavera, era mãe de Mercúrio, deus da medicina.

Junho: De Junius, era uma homenagem à esposa de Júpiter, Juno, deusa do casamento e da família, muito importante no panteão de deuses romanos.

Julho: De Julius, como já dito, foi um mês criado em homenagem a Júlio César.

Agosto: De Augustus, como já dito, foi um mês criado em homenagem a Otávio Augusto, o primeiro imperador romano.

Setembro: De Septem, era o sétimo mês romano no antigo calendário, quando se tinha somente dez meses.

Outubro: De October, era o oitavo mês romano no antigo calendário, quando se tinha somente dez meses.

Novembro: De November, era o nono mês romano no antigo calendário, quando se tinha somente dez meses.

Dezembro: De December, era o décimo mês romano no antigo calendário, quando se tinha somente dez meses.

- X -

Até mesmo em pontos tão longínquos - e sem comunicação com outras localidades - os calendários também tiveram a sua importância. É o caso da civilização Maia, da América pré-colombiana. Nela, sua história inicia-se em 2500 a.C., e seu apogeu foi no ano de 900 d.C., e era uma cultura onde o calendário e as observações astronômicas tinham bastante importância, vindo mesmo a reger as decisões do rei maia. Uma singularidade dos maias quanto ao tempo: para eles o tempo não era linear (como para nós, até hoje, parece ser o mais correto), mas sim, cíclico. Ou seja, o tempo não seguia uma direção única - para adiante - seguindo o que convencionamos chamar de "linha do tempo"; para os maias, o tempo era cíclico e, ao se completar um determinado ciclo, o mundo acabaria e renasceria um novo mundo. Vem daí as notícias de que, segundo os maias, o mundo iria acabar em 2012 (coisa que, obviamente, não se concretizou). Para o maia, a noção de fim do mundo não era a mesma de nossos dias, já que para eles o que estava acabando era um dos ciclos do mundo, e, consequentemente, iniciava-se um novo ciclo também...    


Já durante a Idade Moderna, tentando-se padronizar a medida de tempo, foi instituído o nosso atual calendário. Isso foi obra do papa Gregório XIII, que achava que o tempo estava sendo contado errado (e ele tinha lá a sua razão). Para consertar algumas discrepâncias, o papa eliminou 10 dias do mês de outubro de 1582 (conforme vemos na imagem a seguir). Dentre outras mudanças, foi instituído os meses com 30 ou 31 dias (alternadamente), bem como a noção do ano bissexto (já que o ano dura 365 dias, mais um período bem próximo de 6 horas, isso ia dando diferenças com o passar dos anos). A resolução para isso foi para que se juntasse essas 6 horas a mais, que existia a cada ano, para que, de 4 em 4 anos, se acrescesse 1 dia a mais (durante 4 anos multiplica-se essas 6 horas a mais por 4 anos, dando 24 horas, sendo esta o dia a mais do ano bissexto, que tem esse nome pois naquele ano este teria 366 dias, com os dois números "seis" batizando este novo tipo de ano). Por tudo isso, esse calendário é conhecido como "Calendário Gregoriano"...


Quando chegamos à Idade Contemporânea, basicamente em fins do século XVIII e início do século XIX, a Revolução Industrial, na Inglaterra, vai trazer um imediatismo ao tempo até então nunca visto, e nisso as horas começam a ter uma importância bem maior. Por isso mesmo, é na Inglaterra que está o relógio mais famoso do mundo - depois copiado em várias outras cidades da Europa e do mundo (todas com seus respectivos relógios em torres para que as horas pudessem ser vistas de diversos pontos da cidade). Estamos falando do relógio da torre do Parlamento Britânico, mais comumente chamado de "Big Ben" (mesmo que de uma forma errônea, já que "Big Ben" não é o relógio, mas sim o sino que está por traz das faces dos relógios da torre), e cujas badaladas marcam as horas de forma inconfundível para os ingleses...


Agora, no século XXI, nosso gosto por medir o tempo não diminuiu, mas sim, aperfeiçoou-se, já que vivemos numa era digital. Para tanto, a medida de tempo entrou nos tempos atômicos. Vários países que detém essa tecnologia criaram os seus relógios atômicos (como ficou conhecida essa tecnologia). Na foto abaixo vemos um desses relógios atômicos, construído no Japão, e que tem em sua extrema precisão o seu maior diferencial. Afinal, com o uso de átomos resfriados e de uma grade de raios laser, este relógio (cuja foto vem a seguir), tem uma precisão tão gigantesca que ele só poderia atrasar 1 segundo a cada 16 bilhões de anos...


Eh aí? Curtiram essa viagem pelo tempo, no quesito medição de tempo?? Isso mostra que o tempo sempre foi tão importante, que medi-lo - da forma mais precisa que existia à cada uma das determinadas épocas - sempre foi uma grande prioridade para os vários povos. E essa importância pode ser traduzida em um dito muito em voga após a Revolução Industrial (e que é repetido a exaustão, desde então): "Tempo é dinheiro!!" Pode existir outra frase que mostre a grande importância do tempo em nosso mundo capitalista? Acho que não...

Nenhum comentário: