Estamos completando, entre os dias 15 e 18 deste mês de agosto, os 50 anos da realização do famoso e tão cultuado - pelos roqueiros de todas as idades - Festival de Woodstock, um concerto de rock que, como o próprio "slogan" dizia, seria uma confraternização com "3 DIAS de PAZ & MÚSICA". Ele aconteceu em agosto de 1969, momento do ápice - bem como do início do declínio - de toda a cultura hippie...
O Festival de Woodstock acabou sendo a celebração maior do que hoje chamamos de "rock clássico" - basicamente, com uma boa parte, e bom exemplo, do que de melhor se produziu no rock dos Anos 1960 - o que, por si só, já nos demonstra o quão maravilhoso deve ter sido estar naquela privilegiada platéia...
Uma das mais duradouras - e até mesmo poéticas - cenas do Festival de Woodstock, vem de sua platéia, de seu público, que - no auge do movimento hippie (e, consequentemente, de suas viagens lisérgicas, bem como de outras drogas), nos brindaram com boas "ilustrações explicativas" do que era o tão auto-conclamado "amor livre", pregado tão ardorosamente pelo movimento hippie, de como era o uso recreativo - e quase "obrigatório" - de drogas (em especial, o LSD e a maconha), vemos danças quase hipnóticas em meio às chuvas torrenciais, e muitas, e muitas brincadeiras coletivas, em meio ao barro que as mesmas tempestades formavam...
Tudo ocorreu pela menção intelectual, criativa e financeira dessa turma: Michael Lang, John P. Roberts, Joel Rosenman e Artie Komfeld. A ideia inicial deles era bem mais modesta, porém, bem ao espírito combativo da época, acabaram decidindo fazer um grande festival de música. Mesmo sem a aprovação das autoridades sobre o local escolhido - que, sendo uma fazenda de gado leiteiro, próxima à White Lake, na pequena cidade de Bethel, no estado de Nova York - não teria, obviamente, a infraestrutura necessária para um evento da magnitude que foi o Festival de Rock de Woodstock, levaram seu projeto até o fim, acabando por patrocinarem um dos maiores - senão o maior - festival de rock de todos os tempos.
Porém, o que nem mesmo os organizadores sabiam - ou previram - foi a dimensão que o evento foi tomando, algo como que um aglutinador, ou mesmo uma vitrine, tanto do rock (extremamente em alta entre os jovens, hippies ou não), como de toda a Contracultura - [Para um melhor entendimento desse movimento cultural, acesse o link que segue mais abaixo, para ler um outro artigo deste blog sobre o assunto.] - tomando proporções pra lá de inesperadas...
Os organizadores dizem ter vendido, antecipadamente, em torno de 186.000 ingressos, mas os shows tiveram, em todos os dias do Festival, uma média de público de 200.000 pessoas (estimada pelos organizadores), porém, com picos de até 500.000 pessoas (ou seja, meio milhão de almas!!), mostrando que, para muitos - que forçaram portões, pularam cercas, ou exploraram os matagais em volta do local (entrando, assim, por locais mais recônditos e menos vigiados) - os shows foram mesmo gratuitos. Já aos que pagaram, desembolsaram - há época - US$ 18,00 (Dezoito dólares), algo em torno de US$ 75,00 (Setenta e cinco dólares), para os valores de hoje.
[A foto a seguir mostra o mar de gente que assistia aos shows do Festival de Woodstock, nos três dias do evento.]
Quanto às apresentações que ocorreram durante todo o Festival, segue a lista de como se dividiram os artistas que se apresentaram em cada um dos dias do evento, como exposto abaixo:
DIA 15/08/1969 - Sexta-feira
Richie Havens, Swami Satchidananda (fez um discurso de abertura), Sweetwater, Bert Sommer, Tim Hardin, Ravi Shankar (que fez um concerto sob a chuva, rendendo cenas no público brincando na chuva e no barro que se formou na área da platéia), Melanie, Arlo Guthrie e Joan Baez (cantora muito cultuada pelo movimento hippie, e que se apresentou grávida de seis meses).
DIA 16/08/1969 - Sábado
Quill, Country Joe McDonald, Santana (cujo baterista de sua banda, então com 20 anos, foi o músico mais jovem a se apresentar em Woodstock), John Sebastian, Keef Hartley Band, The Incredible String Band, Canned Heat, Mountain, Grateful Dead (ótima banda, que acabou tocando numa festa pelo aniversário de 1 ano da morte de Janis Joplin), Creedence Clearwater Revival, Janis Joplin (que apresentou-se com The Kozmic Blues Band), Sly & the Family Stone, The Who e Jefferson Airplane.
DIA 17/08/1969 - Domingo (e madrugada do DIA 18/08/1969 - Segunda-feira)
Joe Cocker e The Grease Band (que, após sua apresentação, devido uma tempestade, a apresentação foi interrompida por horas), Country Joe and The Fish, Ten Years After, The Band, Johnny Winter (com seu irmão, Edgar Winter), Blood, Sweat & Tears, Crosby, Stills, Nash & Young, Paul Butterfield Blues Band, Sha-Na-Na e Jimi Hendrix (com Gypsy Sun & Rainbows).
Devido à importância do Festival de Woodstock - e, em muito, devido ao registro que, para os padrões atuais, pode ser considerado, até mesmo, irrisório - muita lenda se criou em torno desses shows. A grande exceção foram as filmagens, captadas durante todo o festival, e que acabou gerando um documentário - Woodstock - lançado em 1970. Abaixo, vamos tentar separar o que é fato e o que é lenda nessa história...
Alguns dizem que a falta de estrutura e o excesso de público causou muitos problemas, tendo ocorrido até mesmo mortes e brigas ferrenhas por comida e bebida. Já na versão dos organizadores - e que se sobressaiu, por fim - foi justamente o contrário: numa confirmação do próprio "slogan" do festival, durante os três dias do mesmo houve paz e congraçamento entre o enorme público, com momentos de divisão de provisões entre quem tinha e quem não tinha, famílias e comunidades hippies em uma grande comunhão e - também ao contrário do que alegam algumas fontes - não houve nenhuma morte violenta, como assassinatos, bem como as poucas brigas que aconteceram foram logo resolvidas, sem maiores desdobramentos, pela grande turma do "Deixa pra lá!" existente por toda a platéia. Há depoimentos, inclusive, dos donos da fazenda, que, ao verem o público que ia invadindo sua fazenda, acharam que tudo estaria destruído dali três dias; porém, para surpresa e alegria dos mesmos, nada disso aconteceu. Devido a tudo isso, mandaram até mesmo confeccionar uma placa comemorativa do evento na fazenda que foi o local dos shows...
Devido a importância que, com o passar dos anos, o Festival de Rock de Woodstock foi tomando, houveram outros festivais comemorativos, como em 1994, para se comemorar os 25 anos do evento (o Woodstock'94, como ficou conhecido), outro em 2009 (para se comemorar os 40 anos do evento), e teria, neste ano de 2019, o Festival Woodstock 50 Anos, porém o mesmo acabou sendo cancelado pelos organizadores (com muitas versões para o motivo, sendo elas muito desconexas). O que é uma pena, visto a importância histórica e cultural dessa data!
Mas, no fim da história, o que ficou foram as recordações e as cenas ímpares, deste que pode ter sido um dos maiores - senão o maior - dos festivais de rock (e de todos os tempos, é bom que se diga). E, mesmo que não seja o MAIOR, foi - e ainda o é - o MAIS IMPORTANTE que já ocorreu. E, quanto a isso, não há a menor sombra de dúvidas!!
E - Por que não? - terminemos com uma das máximas - do movimento hippie, das manifestações anti-guerra do período e, até mesmo, do próprio Festival de Rock de Woodstock: "MAKE LOVE, NOT WAR!!" Traduzindo (se é que precisa): "FAÇA AMOR, NÃO FAÇA GUERRA!!"...
E, finalizando: "Paz e Amor, Bicho!!!"
2 comentários:
Maravilha , excelente documentário sobre o maior concerto de Rock de todos os tempos.
Que bom que gostou do artigo, meu amigo. Mesmo que não tenha especificado seu nome - me constou como "Unknown" - fico contente de ter curtido o texto e suas informações!! E, por favor, continue prestigiando o nosso blog... Grande abraço!!!
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