quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Feudalismo, o sistema econômico – e político – da Idade Média


O Feudalismo era o sistema econômico – e, por extensão, também o político – que vigorou na primeira metade da Idade Média (em toda a Europa). Nesse momento o parâmetro de riqueza, de posses, se pautava em se ter terras (vindo daí o próprio nome do sistema, já que o nome vem de “feudo”, que era o nome dado às terras de alguém, o que chamaríamos hoje de “fazenda” ou “sítio”, dependendo do tamanho que tenham).



Ele se iniciou sob a pressão das Invasões Bárbaras que levaram à Queda de Roma – e o esfacelamento do próprio Império Romano do Ocidente – quando as pessoas das cidades, com medo dessas invasões, fugiram para o campo buscando refúgio em áreas que começaram a ser dominadas por um novo personagem: o Senhor Feudal.



Ele era como um rei em seus domínios, erigindo castelos e dividindo suas terras para si e “arredando-as” aos seus muitos e muitos Servos (que era quem realmente tocava os trabalhos nos feudos e não tinham – nem nunca teriam – a posse dos mesmos), sendo eles como que parte da propriedade (era uma quase escravidão, sendo este regime chamado de “servidão”). Outra figura importante desse período – e do imaginário da época – era a dos Cavaleiros, que prestavam serviços de segurança aos Senhores Feudais, instituindo a relação de “Vassalagem” (explicando: os Cavaleiros tinham um Senhor Feudal como “suserano”, tornando-se “vassalos” destes primeiros), fazendo com que também a segurança dos feudos passasse pelo crivo dos grandes Senhores Feudais.



Outro ponto importante era o caráter isolacionista dos feudos, uma vez que eles eram extremamente auto-suficientes, fazendo todo o necessário para o seu funcionamento dentro de suas muralhas (ou ao lado delas, onde ferreiros, comerciantes e outros profissionais trabalhavam também para os feudos, tendo uma vida bem melhor que a dos servos, comparativamente), coisa que originou muitas cidades europeias. Este isolacionismo todo era parte da segurança do próprio feudo (onde pessoas não conhecidas não eram bem vindas nunca).



A Idade Média durou por volta de 1000 anos e, durante mais ou menos metade deste tempo, vigorou o Feudalismo, um sistema econômico que levou até mesmo a mudanças políticas (uma vez que isso trouxe uma grande descentralização de poder na Europa, onde os reis de fato mandavam pouco – ou nada – em detrimento do poder que os senhores feudais tinham dentro de seus domínios – o que os tornava os reis de fato). Outra instituição que tinha plenos poderes nesse momento era a Igreja Católica Apostólica Romana, que dava o seu aval ao próprio Feudalismo (levando os servos a o entenderem como um desígnio do próprio Deus), ajudavam na defesa dos poderes dos senhores feudais (dando uma mítica quase religiosa à origem desses poderes), transformando os papas detentores de grande poder secular (o poder terreno, em detrimento do poder religioso que já detinham).



E, no decorrer dos mais ou menos 500 anos seguintes dessa mesma Idade Média, o que se viu foi o desmanche desse sistema econômico, decorrentes dos chamados “Renascimentos Medievais” (como o Comercial – quando o comércio renasceu com força para findar o isolacionismo feudal – o Urbano – quando as cidades foram renascendo, com um êxodo no sentido campo-cidade dessa vez – o Científico – quando a Igreja vai perdendo força para a Ciência, que começa a ganhar terreno – e o Cultural – com mudanças de costume decorrentes das outras mudanças anteriores), levando o mundo às grandes alterações que a Idade Moderna iria trazer...


Este artigo se presta a falar – em geral – sobre o Feudalismo, mas com uma atenção especial a um público alvo: os alunos dos 7.º anos do Ensino Fundamental II.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

O que é História?



A História é a ciência que estuda as ações do Homem através do tempo. Ela é importantíssima para entendermos o porquê chegamos onde estamos e como isso ocorreu.

Daí vem uma das máximas que os professores de História se usam: "A História nos mostra como era o passado para entendermos melhor o presente e, assim, podermos fazer algum tipo de prognóstico para o nosso futuro."

Uma citação - do historiador Jacques Le Goff, no livro "História e Memória" - também nos dá outra boa explicação de como esta ciência funciona: "A História é a Ciência que mais se aproxima das Artes.", mostrando, dessa forma, que para se produzir bem os conteúdos históricos o autor tem de ter uma verve artística (Explicando-se: este deverá ter um quê de escritor, ter um pé na Literatura, para que seus conteúdos sejam entendíveis e bem apreciados).

Usamos a História para contextualizar o mundo em que vivemos - à luz dos conhecimentos históricos - para assim entendermos melhor o nosso próprio tempo, vendo como chegamos até aqui e para onde estamos caminhando (nos dando a chance de alterarmos algo no caminho, evitando cometermos os mesmos erros cometidos no passado).

Para um melhor entendimento da História ela foi dividida em "Idades" (como podemos ver na divisão abaixo):

- Idade Antiga (ou Antiguidade): de mais ou menos 4.000 a.C. (Invenção da Escrita), até 476 d.C. (Queda de Roma - Império Romano do Ocidente);

- Idade Média: de 476 d.C. (Queda de Roma - Império Romano do Ocidente), até 1453 (Queda de Constantinopla - Império Romano do Oriente);

- Idade Moderna: de 1453 (Queda de Constantinopla - Império Romano do Oriente), até 1789 (Início da Revolução Francesa);

- Idade Contemporânea: de 1789 (Início da Revolução Francesa), até os nossos dias.


Há também - antes das "Idades" acima citadas - a chamada "Pré-História", um momento bem longo, onde ocorreu a criação de sistemas que levaram às Civilizações. Também para melhor entendimento divide-se a "Pré-História" em três partes: Paleolítico ("Idade da Pedra Lascada"), Mesolítico (um período intermediário entre os dois), e Neolítico ("Idade da Pedra Polida").




Foi intenção deste artigo mostrar os parâmetros da História como Ciência (e suas respectivas divisões para um melhor entendimento da mesma), tendo como público alvo principal os alunos de 6.º anos do Ensino Fundamental II...

sábado, 12 de dezembro de 2020

Retrospectiva "Histérica História" 2020





#4 - Abril (2) de 2020: 08/04/2020


#10 - Junho de 2020: 01/06/2020




#12 - Junho (3) de 2020: 21/06/2020



#13 - Julho de 2020: 04/07/2020





#15 - Julho (3) de 2020: 27/07/2020




sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

A expressão "Rolling Stone" na história do Rock'n'Roll



Neste artigo gostaríamos de apresentar uma grande curiosidade com relação a uma expressão - que se tornou uma espécie de ditado - que acabou se tornando parte da história do Rock'n'Roll (em especial), e da cultura pop (no geral).

E, para conhecermos melhor toda essa interessante história, sigamos com nosso artigo, ora apresentado...

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Primeiramente, vamos conhecer a expressão em si (da qual essa espécie de ditado se originou). E ela é: "A rolling stone does not create slime." - ou, traduzindo-se, fica algo como: "Uma pedra que rola não cria limo."... Seu sentido seria o de que se não agimos, tomamos um posicionamento quanto a algo, e ficamos parados, sem tomarmos uma atitude quanto a alguma coisa, criamos limo, ou seja, estagnamos, ficamos em estado de torpor, e nada muda, nem mudará...

Essa frase já foi atribuída a muitas pessoas, mas, possivelmente, sua primeira menção é de Publílio Syrus, um filósofo romano do século I a.C., porém há menções também a Erasmo de Roterdam, filósofo do Renascimento (durante o século XVI), bem como por um músico inglês, do mesmo século XVI - sendo este último, John Heywood [imagem a seguir], tido como o introdutor da expressão na língua inglesa - chegando, depois, aos músicos do século XX (como veremos mais adiante)... 




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E, como dito, a expressão acabou caindo nas graças de alguns músicos do século XX, tais como: o bluesman Muddy Waters - que deu o título de "Rolling Stone" a seu compacto de 1950 - e o "papa" musical da contracultura (e dos hippies), Bob Dylan - que também nomeou quase da mesma forma o seu compacto, de 1965, cujo carro-chefe era o grande sucesso "Like a rolling stone" - mostrando o quão popular a expressão era, mesmo se estando já na segunda metade do século XX.





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E, mais adiante, quando em 1962, Brian Jones, junto a Mick Jagger e Keith Richards, resolveram renomear a banda deles - que se chamava "The Blues Boys" - como "The Rolling Stones", foram buscar esse nome tanto na expressão (no geral), quanto no nome do compacto homônimo de "Rhythm & Blues" (mais especificamente), do ídolo da banda recém-formada, Muddy Waters. Nascia, assim, a cinquentenária banda "Rolling Stones"... 



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Há de se citar, também, que a Contracultura na cidade de São Francisco deu um outro "capítulo" à saga da expressão quando, em 1967, o jornalista Jann Wenner fundou a revista "Rolling Stone", que tinha - e tem - o intuito de falar sobre o Rock, mas também sobre a cultura pop em geral, bem como outros assuntos importantes aos seus leitores (como economia e política, por exemplo).



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E, para terminarmos essa viagem através da pequena história dessa expressão - bem como de seus usos através do tempo - falemos do próprio nome dado ao novo ritmo criado em meados do século XX, o Rock'n'Roll, que tem a ver com a questão dessa mesma expressão. Afinal de contas, essa expressão, "Rock'n'Roll", quer dizer: "Rocha - pedra - rolando", ou, por extensão, "Balançar e rolar", e foi criada pelo DJ Allan Freed, que cunhou o termo em fins da década de 1950 (sendo que sua abreviação para, simplesmente, "Rock" é da década de 1960), com o intuito de mostrar que as coisas rolam de forma bem ágil. Só de se explicar, fica clara que a alusão à expressão analisada neste artigo tem muito a ver com a criação do próprio nome do ritmo do Rock, não é mesmo?


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E, já que o assunto passa pelo Rock, segue abaixo dois artigos anteriores - do acervo do blog "Histérica História" - com a explicação para os nomes de diversas bandas de rock, bem como um outro - também do acervo do blog "Histérica História" - com nomes de bandas de rock que foram retirados da História:








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Estão vendo como a História - em sua roupagem "história da Cultura" - é extremamente interessante (bem como inusitada), coisa que quisemos - e esperamos ter conseguido - demonstrar com este artigo? Sendo assim, curtam e divulguem (caso o tenham curtido tanto como eu curti pesquisá-lo e escrevê-lo). E até 2021!!...


quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Os Simpsons e a História: personagens históricos em nomes de personagens da série

 


Que a série de desenhos animados de "Os Simpsons", do canal Fox - criada pelo cartunista Matt Groening, e lançada em dezembro de 1989 (tendo atingido, portanto, neste ano de 2020, a sua 31.ª temporada) - é uma crítica feroz aos desmandos e vícios da sociedade norte-americana, isso não é grande novidade pra ninguém. Porém, além dessa crítica, há também uma outra crítica, no próprio nome dado a alguns dos personagens da série (nomes estes inspirados no nome de alguns personagens históricos, da política, da sociedade e das ciências, por exemplo).

[Um adendo: quanto ao nome da cidade que "Os Simpsons" moram, Springfield, esse é um nome dos mais comuns entre as cidades norte-americanas, uma vez que há um total de 38 cidades com esse mesmo nome, nos 50 estados dos Estados Unidos da América, fazendo com que seja uma tremenda incógnita saber-se, exatamente, em qual delas a família Simpson "mora" (uma das grandes sacadas do criador da série).]

E é sobre alguns destes nomes - e suas respectivas inspirações (críticas ou não) - que mostraremos neste artigo, ora apresentado. Vamos à nossa lista...

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1.º) Margie: O sobrenome de solteira de Margie - a matriarca dos Simpsons, que antes de se casar tinha o nome "Margie Bouvier" - é o mesmo da primeira-dama do presidente John F. Kennedy (que, como Margie, se chamava Jackeline Bouvier - antes de se tornar Jackeline Kennedy).






2.º) Lisa: Os dois primeiros nomes da irmã mais velha de Bart - Lisa Marie - remete à uma personagem ímpar - e extremamente presente nas colunas sociais (já que é filha de Elvis Presley e já foi casada com Michael Jackson e Nicholas Cage, dentre outros) - de Lisa Marie Presley, sendo um nome do mundo pop dentre os personagens de "Os Simpsons". Também remete a algo mais pessoal: é o nome de uma das irmãs do criador da série...

[Outro adendo: Na realidade, segundo Groening, todos os nomes das personagens principais - o "núcleo central", a própria "Família Simpson" - têm seus nomes tirados da família do autor (Homer, Margie, Lisa e Maggie). Só o nome de Bart foi alterado, já que a personagem não foi batizado como Matt (como seu criador, que preferiu, nesse caso, usar outro nome que não o seu).]






3.º) Milhouse: O nome do melhor amigo de Bart Simpson - o atrapalhado Milhouse - é o "nome do meio" do presidente Richard Milhouse Nixon (o presidente norte-americano que teve de renunciar, em 1974, devido o escândalo de Watergate).





4.º) Skinner: O nome do diretor da escola de Bart e seus amigos - o senhor mimado e "filhinho da mamãe", Seymor Skinner - tem o mesmo sobrenome do famoso psicólogo Burrhus Frederic Skinner, o "papa" do condicionamento de atitudes (aquele que dava choque elétrico nos ratinhos para condicionamento de novas atitudes nos roedores), o chamado "Behaveorismo", transpondo essas pesquisas (e seu condicionamento), também para os humanos.






5.º) Joe Quimby: O nome do prefeito da cidade de Springfield é enorme - Joseph Fitzgerald O´Malley Fitzpatrick Diamond O'Donnell The Edge "Joe" Quimby Jr. - porém, dentre eles todos, o que primeiramente se destaca é o seu primeiro sobrenome (que remete, obviamente, também ao primeiro sobrenome de um dos presidentes norte-americanos mais lembrados e cultuados): John Fitzgerald Kennedy, o JFK (assassinado em 1963). Não chega a ser uma homenagem - visto o quão péssimo é Quimby em sua vida pública - mas, já que é sobre políticos, a "homenagem" tem o seu porquê...






6.º) Otto Mann: O sobrenome do motorista da perua escolar da escola de Bart Simpson e seus amigos - o roqueiro e junkie Otto Mann - remete ao filósofo Thomas Mann, sendo mesmo hilário que um dos mais iletrados moradores de Springfield tenha o mesmo sobrenome deste pensador alemão, um dos grandes filósofos do século XX.






7.º) Elizabeth Hoover: A professora de Lisa tem o mesmo sobrenome de um presidente norte-americano (o mesmo que nomeia a famosa represa homônima), os seja, o presidente Herbert Hoover, presidente extremamente criticado por sua pífia atuação durante os primeiros momentos da Grande Depressão (nos Anos 1930).





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Há até mesmo personagens fictícias que não só emprestam seus nomes à personagens, mas que realmente fazem pontas nos episódios de "Os Simpsons" (como o caso da personagem citada abaixo):

8.º) Conde Drácula: Personagem que aparece vez por outra nos episódios, o Conde Drácula, mesmo não sendo um personagem histórico, pode entrar nessa lista (uma vez que é uma personagem de Bram Stoker, e parte integrante da história da própria literatura mundial). Aparece, em diversos momentos, como membro do Partido Republicano de Springfield (uma crítica mordaz aos próprios republicanos).





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E há personagens reais - mas não tão históricos (já que são contemporâneos aos episódios a qual participaram) - e que, sendo assim, não emprestam seus nomes à personagens, mas sim fizeram pontas nos episódios de "Os Simpsons" como eles próprios (como estes que citamos a seguir):

9.º) Convidados especiais: Personalidades da vida real - do futebol, da música, do cinema, da TV e da política - desfilaram nestes mais de 30 anos da série, tais como: Ronaldo Fenômeno, Pelé, a banda Aerosmith, Wood Allen, Leonard Nimoy e o ex-presidente Bill Clinton, dentre outros tantos...








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E, por fim, o próprio criador de "Os Simpsons" já apareceu algumas vezes nos episódios (sendo ele o último de nossa lista):

10.º) Matt Groening: Não é uma personagem, mas sim o criador da própria série, e já fez suas pontas na mesma (não somente uma vez, é bom que se diga)...





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Aproveito para informar que o texto aqui apresentado - com o intuito de mostrar a História de forma mais inusitada e surpreendente (mostrando, assim, o quão a História é abrangente e primordial, em várias vertentes e âmbitos de nossa sociedade) - foi parte de uma grande pesquisa, bem como de teorias e constatações deste autor que vos escreve (não tendo a pretensão de encerrar o assunto, mas, sim, dar um 'start' ao assunto), sendo mesmo um exercício de história cultural. Espero que tenham gostado!! E até um novo artigo...



sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Independência e República: fatos inversos de São Paulo e do Rio de Janeiro nestes dois acontecimentos



Existem algumas particularidades em dois fatos históricos do Brasil, e estas estão ligadas aos lugares onde estes fatos ocorreram: São Paulo e Rio de Janeiro. E elas ocorrem de forma que os fatos se apresentam de uma maneira, digamos, inversa...

E, para explicá-las da melhor forma possível, nos utilizaremos de duas perguntas - que iremos aqui respondê-las - mostrando que essas particularidades inversas são, muitas vezes, desconhecidas por grande parte das pessoas.

Vamos à análise, portanto...


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1.ª) Pergunta: Por que a Independência foi vislumbrada no Rio de Janeiro - então a Corte, de onde o príncipe regente D. Pedro governava - mas foi pensada e concretizada mais longe, em São Paulo? 

[Acima: quadro "Independência ou Morte!", de 1888, do pintor Pedro Américo]

A principal resposta a esta pergunta está no fato de os principais aliados políticos de D. Pedro - quanto à ideia de declarar a Independência do Brasil - estarem na província de São Paulo (mais precisamente na região de Santos, no litoral sul do atual estado de São Paulo, e bem próximo a cidade homônima, sua capital). Estamos falando dos Andradas - mais especificamente, de José Bonifácio de Andrada e Silva (por isso mesmo conhecido como o "Patriarca da Independência") - que era muito conhecido e respeitado por D. Pedro e, mais ainda, pela então princesa Leopoldina. Devido o fato de se estar discutindo a independência desde o momento da "Revolução do Porto", em 1820, continuando-se com mais força após o "retorno de D. João VI" à Portugal, em 1821, José Bonifácio foi "costurando" uma aliança cada vez mais forte com D. Pedro e os membros da Corte que compactuavam em se dar um "start" ao processo de Independência. E, por fim, houve também uma coincidência. E ela é o fato de, numa viagem anterior de D. Pedro à São Paulo, este ter conhecido - e, segundo alguns, apaixonado-se - uma senhora, sendo ela: Domitila de Castro do Canto e Melo (a futura "Marquesa de Santos"), fato que fez das viagens do príncipe regente à São Paulo algo quase corriqueiro. Sendo assim, após uma visita à província de São Paulo - para reuniões que visavam, justamente, tratar sobre a futura (e, cada vez mais, certa), Independência do Brasil - quando da viagem de retorno ao Rio de Janeiro (que tinha de ser feita via cidade de São Paulo), e após a chegada à Corte, no Rio de Janeiro, de cartas das Cortes, de Portugal, que exigiam o retorno do príncipe regente à Lisboa (cartas estas enviadas por Dona Leopoldina, e endossadas por José Bonifácio), levando D. Pedro a - depois de lê-las, e num acesso de fúria - cortar os laços com sua terra natal, e proclamar a Independência do Brasil ali, onde estava (durante o retorno da viagem à Santos), após o término da subida da Serra do Mar, nas imediações do atual bairro paulistano do Ipiranga (às margens do Riacho do Ipiranga), no final da tarde de 7 de setembro de 1822, tornando, assim, a ainda pequena cidade de São Paulo em uma "Imperial Cidade" (logo após a sua coroação como imperador), título que ela tem até hoje (mesmo que seja pouco lembrado nos nossos dias).



Bandeira da cidade de São Paulo

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2.ª) Pergunta: Por que a República foi primeiramente pensada em São Paulo - por barões do café paulistas e profissionais liberais - mas foi proclamada numa "quartelada", liderada pelo Marechal Deodoro, no Rio de Janeiro?

[Acima: quadro "Proclamação da República", de 1893, do pintor Benedito Calixto]

Já com relação à Proclamação da República, o que ocorre é o inverso, já que a República é algo que é primeiramente pensada entre a elite letrada dos barões do café paulistas (e depois replicada junto à grande população de profissionais liberais, como advogados, professores e jornalistas), e que culmina com a chamada Convenção de Itu, em 1873, a primeira convenção republicana feita no Brasil - a qual resultaria na criação do "Partido Republicano Paulista" (PRP), no mesmo evento - sendo este o embrião da própria república brasileira. Porém, como havia várias vertentes de república nesse período, tais como: os que queriam aguardar a morte do imperador D. Pedro II para tomar o poder, os que queriam chegar ao poder pelo voto (com um plebiscito), e até os que queriam tomar o poder derrubando o imperador, matando-o e assassinando toda a família imperial; e, devido mesmo a esta divergência de ideias - muito comum, por sinal, na implantação de repúblicas - pode-se dizer que os republicanos eram bem pouco (ou quase nada), coesos. E, por estas inconsistências ideológicas, a república brasileira não caminhava de forma muito ampla, já que algo primordial à sua existência - a doutrina republicana junto ao povo - simplesmente não aconteceu. Vai daí o fato de - no Brasil - a República ter sido proclamada não em São Paulo (seu berço ideológico), mas sim, no Rio de Janeiro (ou seja, a Corte, sede do governo imperial, bem como onde os militares, que foram, aos montes, cooptados para a causa republicana, se encontravam em maior número), sendo muito mais um golpe de Estado (perpetrado pelos militares descontentes com a Monarquia, e liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca, que era - Pasmem!! - grande amigo do imperador). Advém disso tudo a tônica da Proclamação da República no Brasil, resumida brilhantemente numa reportagem de jornal do dia 16 de novembro de 1889 (dia seguinte à proclamação): "O povo assistiu bestializado à proclamação da república..." (já que a maioria da população não sabia o que estava acontecendo, muitos achando que se tratava de uma parada militar). Quem sabe seja por isso que a República - até hoje - não seja um "caso de amor" entre muitos dos brasileiros...  



Bandeira da cidade do Rio de Janeiro

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Aproveito para mostrar - com acesso pelo link abaixo - um outro artigo onde São Paulo e Rio de Janeiro são as protagonistas (e que faz referência à origem dos nomes destas duas cidades), sendo este, também, parte integrante do acervo do blog "Histérica História":




Espero que a ideia desse artigo - ora apresentado - tenha ficado bem clara, visto não ser estes fatos analisados comumente sob este prisma. E até um próximo artigo...